Os bancos têm vindo aumentar os custos dos mais variados serviços e há casos em que esses gastos duplicaram e até mesmo triplicaram desde janeiro. As transferências bancárias não ficam de fora deste realidade. Aliás, várias instituições financeiras anunciaram o aumento destes custos no início do ano e que irão ter efeito nos bolsos dos consumidores já a partir deste segundo trimestre.
O ComparaJá.pt fez uma ronda pelo mercado aos encargos associados às principais operações de transferências utilizadas pelos portugueses – balcão, internet e multibanco – e concluiu que, embora restrito até determinados montantes, apenas o multibanco permite evitar taxas adicionais em todas as instituições, revela o estudo a que o i teve acesso.
A análise recaiu sobre os oito principais bancos nacionais – Caixa Geral de Depósitos, Novo Banco, BPI, Millennium bcp, Santander Totta, Montepio, Crédito Agrícola e Bankinter – e teve em conta as condições das transferências nacionais até ao montante máximo de 50 mil euros.
Qual a solução mais barata? O ideal é fazer transferências através do multibanco. A explicação é simples: “Com esta solução não há lugar ao pagamento de comissões em qualquer das instituições analisadas”, garante o diretor-geral da plataforma, Sérgio Pereira.
Mas nem tudo são vantagens. O responsável lembra que, “apesar de todas as operações serem gratuitas, não é possível efetuar movimentações de caráter permanente”. Além desta restrição, são ainda estabelecidos tetos máximos para o montante das transferências. “O BPI, o Novo Banco e o Santander são as instituições que permitem, neste âmbito, a transferência de valores mais elevados – até aos 100 mil euros –, sendo que o Millennium BCP permite apenas até 50 mil euros e a CGD limita a 2500 euros”, salienta (ver quadro ao lado)
Mais alternativas Outra hipótese passa por fazer as transferências através do balcão. Mas o ideal é evitar esta alternativa. Isto porque, regra geral, significa que vai ter de suportar taxas. Ainda assim, para quem opte por esta modalidade e, segundo a ronda feita pelo mercado, fique a saber que o banco mais competitivo no que diz respeito às operações de transferência ao balcão é o BPI.
Pode também recorrer aos serviços online. E nas transferências intrabancárias todos os bancos oferecem pelo menos uma modalidade isenta de custos. “No entanto, só o BPI e o Crédito Agrícola é que não cobram quaisquer taxas aos seus clientes independentemente da modalidade”, explica o responsável.
Sérgio Pereira garante que, apesar de todas estas variedades, “o multibanco já conquistou os portugueses, sendo que as suas vantagens justificam esta preferência no nosso país. Este é o método mais económico para quem deseja fazer transferências de caráter pontual, pese embora restrito a determinados montantes”, diz ao i.
No entanto, admite que o multibanco já tem um rival à espreita. “As transferências feitas pela Internet aproximam-se em termos de custo e muitos bancos já oferecem várias modalidades de forma gratuita. Com a proliferação de gadgets que facilitam o acesso online, só podemos esperar que este meio seja cada vez mais usado para proceder a movimentações bancárias”, acrescenta.
Sérgio Pereira lembra ainda que, além de todas estas opções, existem as transferências efetuadas por via telefónica. “Estas têm a opção de poderem ser efetuadas com ou sem operador, ficando mais económico se as mesmas forem efetuadas sem operador”, salienta.
No entanto, o responsável admite que as movimentações em balcão e ainda mais as operações via telefone, “serão cada vez mais preteridas aos restantes meios. Só em casos muito específicos, nomeadamente em casos em que o cliente precisa de acompanhamento personalizado, se afirmarão como uma opção preferencial”.
“Não sendo expectável que desapareçam visto que existirá sempre um nicho que prefere este modelo àquele “standardizado” do multibanco e do online, espera-se, no entanto, que fiquem consignados a uma posição secundária no que às transferências bancárias diz respeito”, conclui Sérgio Pereira.
Críticas às comissões A Associação de Defesa do Consumidor (DECO) tem vindo a acusar o setor de cobrar comissões indevidas aos clientes principalmente em casos como do processamento de prestação de crédito ou da manutenção de conta e de querer compensar as perdas da intermediação financeira com a atividade de comissionamento.
Uma acusação que é afastada pela Associação Portuguesa de Bancos ao considerar que “é legítimo e normal” a cobrança de comissões por parte das instituições financeiras.