Próximo sábado, dia 17 de Junho, véspera de estreia da selecção principal portuguesa na Taça das Confederações, Rússia-2017, eis que a equipa de Rui Jorge – que tem sido desde que tomou conta da selecção de sub-21, uma espécie de vencedor inveterado, com resultados de valor inquestionável – entra em campo para defrontar a Sérvia no Europeu da categoria, no Complexo Desportivo Zawisza, em Bydgoszcz, essa cidade polaca de nome meio impronunciável e que, na sua versão alemã, é bem mais prosaicamente conhecida por Bromberg. É na região da Pomerânia, famosa pelos seus lulus que encantavam princesas austríacas e não só, que Portugal defenderá o prestígio daquilo que, há dois anos, foi uma campanha notável, tristemente perdida para a Suécia, na final, no desempate por grandes penalidades.
Conhecem-se os convocados. E sabe-se que gente como Bruno Varela (Vitória de Setúbal), Joel Pereira (Manchester United), Ruben Semedo (recentemente transferido do Sporting para o Villareal), Ruben Neves (FC Porto), Bruno Fernandes (Sampdória), Gonçalo Guedes (Paris Saint-Germain) ou Gonçalo Paciência (Rio Ave), só para citar alguns dos mais experientes, vão receber o reforço de João Cancelo (Valência) e Renato Sanches (Bayern de Munique), recentemente entregues aos A de Fernando Santos.
Esta é, como sabemos, uma das poucas provas das camadas jovens que Portugal nunca ganhou. Duas finais perdidas, a de 2015, em Praga, República Checa, que já referimos, e a de Montpellier, em 1994, frente à Itália de Toldo, Panucci, Cannavaro, Pipo Inzaghi e tutti quanti, resolvida a favor da Squadra Azzurra por um golo de oiro de Orlandini aos 98 minutos. Ah! Um luxo esse Portugal! Rui Costa, Figo, João Vieira Pinto, Rui Bento, Abel Xavier, Jorge Costa, Capucho, Brassard, Nelson, Sá Pinto… tudo gente que chegou longe.
Novos tempos. Os tempos são outros, mas Portugal surge na fase final deste Europeu, a disputar na Polónia entre 16 e 30 de Junho, com objectivas ambições. Sabemos que a Espanha – campeã em 2011 e 2013 – será a grande adversária do Grupo B e que apenas os vencedores de cada grupo mais o melhor de todos os segundos terão acesso às meias-finais. Um bico de obra? Sem dúvida! Até porque Rui Jorge veio a público reconhecer que dificilmente o segundo do grupo lusitano será o melhor deles. As contas feitas, em antecipação, pelo seleccionador nacional, dão que pensar, portanto. Há que bater a Sérvia, que ainda há pouco foi campeã do mundo de sub-20, e enfrentar os espanhóis com a valentia de um soldado do Santo Condestável no dia 20, em Gdynia, lá para os lados de Gdansk, no Báltico. E sair do combate triplo com novo triunfo, o derradeiro, face à Macedónia. Mas isso, pelos vistos, não lhe tira o sono: “Estou ansioso! Quero que o Europeu comece o mais depressa possível. Estamos há cinco anos sem saber o que é uma derrota e isso acrescenta-nos sobre os ombros um peso que é do nosso agrado. Vamos defrontar uma Espanha rica em títulos sub-21 (tem 3) e uma Sérvia que vai querer mostrar-se. Mas os nomes das selecções dizem-me pouco. Há dois anos, nós e a Suécia éramos as equipas mais acessíveis, no papel, e chegámos ambos à final. Tenho a perfeita noção do nível desta prova…”
Convenhamos: esta selecção merece a confiança dos seus adeptos. Tem feito, nos últimos tempos, não apenas resultados de vulto como exibições de encher o olho. Rui Jorge está, como já foi dito, numa fase de amadurecimento como treinador que deixa prever uma carreira bastamente interessante.
Claro que não é apenas aos três adversários do Grupo B que se resume este Europeu. Estão igualmente presentes a campeã em título Suécia, a turma da casa, Polónia, as sempre incomodativas Itália e Alemanha, e a recém empossada campeã do mundo de sub-20 Inglaterra, embora, como é evidente, sem elementos que estiveram até este último fim-de-semana na Coreia do Sul. Ainda assim, este título surpreendente dos jovens ingleses faz prestar atenção ao que tem sido feito nos escalões de formação da Grande Ilha para lá da Mancha. Não foi também certamente por um acaso da Dona Fortuna que o Chelsea conquistou duas UEFA Youth Cup consecutivas.
Dê-se uma vista de olhos aos grupos: A – Polónia, Eslováquia, Suécia e Inglaterra; B – Portugal, Espanha, Sérvia e Macedónia; C – Alemanha, República Checa, Dinamarca e Itália. Destes nove participantes iniciais, quatro disputarão os lugares na final. O jogo inaugural será o Suécia-Inglaterra, na próxima sexta-feira.
Haverá qualidade nesta competição que, contando os antigos Europeus de sub-23, incluídos na listagem, já vai para a sua 21.ª edição. E Portugal estará lá com uma qualidade que não pode ser posta em causa. À procura de um título que lhe fugiu por entre os dedos, como areia fina de uma praia ensolarada ensombrada por um penalti perdido.
Com Lindelof, agora novo jogador do United, do outro lado, de sorriso escancarado.