Isaltino Morais já esteve à frente da Câmara Municipal de Oeiras durante quase 25 anos, mas garante que tem «uma ideia e uma visão de futuro» para o concelho e está a preparar um programa eleitoral «que terá sequência, uma vez eleito, em programas estratégicos para doze e vinte anos».
Para voltar à autarquia vai ter de vencer o atual presidente Paulo Vistas, que durante vários anos foi o seu número dois. A rutura entre os dois velhos aliados resulta numa das mais interessantes disputas destas eleições autárquicas, que se realizam no dia 1 de outubro.
Isaltino, que se candidata pelo movimento ‘Inovar Oeiras de volta’, não assesta baterias a Vistas: «Oeiras perdeu voz, perdeu referências e perdeu identidade».
O ex-militante do PSD, ainda está a preparar o programa eleitoral. Ao SOL, Isaltino traçou as prioridades e garante que vai apostar em «projectos e medidas que visam um objectivo essencial: trazer Oeiras de volta; ou seja, garantir o reforço das vantagens competitivas do município, de modo a criar condições para uma geração de oeirenses mais e melhor formados, mais e melhor emprego, mais segurança e mais coesão social e qualidade de vida».
A aposta é em seis áreas «fundamentais»: educação, cultura, intervenção social, habitação, ambiente e mobilidade. Na intervenção social, por exemplo, Isaltino promete que Oeiras não terá sem-abrigo. Pretende ainda apostar em políticas de apoio à natalidade e às populações idosas. Na habitação, o ex-presidente da Câmara de Oeiras garante que «o município irá disponibilizar novas casas para desdobramento de famílias numerosas nos bairros municipais, porque o ciclo de pobreza não se quebra numa geração, ao mesmo tempo que disponibilizaremos habitações para famílias e jovens da classe média, nas modalidades de aquisição e arrendamento».
Isaltino, que foi pela primeira vez eleito pelo PSD em 1985, prefere não revelar quantos mandatos tenciona cumprir à frente da autarquia se voltar a ser eleito. «Não é relevante, neste momento, os mandatos que tenciono cumprir. O importante é ter uma ideia e uma visão de futuro para Oeiras e que essa ideia e essa visão, no essencial, não seja descontinuada ou desvirtuada por um futuro presidente de câmara, como lamentavelmente aconteceu no mandato que agora está a terminar».
«Dizer que Oeiras não tem voz é uma ficção», diz Paulo Vistas
A acusação de que Oeiras perdeu voz desde que Paulo Vistas está à frente da autarquia já foi feita várias vezes por Isaltino. O atual presidente da Câmara, que também se candidata por um movimento de independentes, responde que «a ideia de dizer que Oeiras deixou de ter voz é uma ficção criada por quem precisava, à falta de melhor, de encontrar um argumento político para justificar a candidatura à Câmara Municipal. Mas felizmente não é uma realidade».
Vistas lembra que tem «obra feita» e garante que o concelho «conseguiu nestes quatro anos quebrar o isolamento a que esteve votado nos últimos anos por parte das diferentes entidades públicas e dos municípios vizinhos».
O autarca traça as prioridades para os próximos quatro anos: «A par da aposta nas áreas tradicionais, como a educação, a ação social ou o ambiente, que são o cimento da coesão social que se vive em Oeiras e que nos permitem continuar a captar e a manter as melhores empresas no concelho, nos próximos quatro anos iremos debruçar-nos fortemente sobre as questões da mobilidade, da melhoria das acessibilidades e do transporte público adequado às necessidades».
O atual presidente da Câmara garante ainda «proporcionar a todos os oeirenses um envelhecimento ativo», investir em «ambientes urbanos modernos, bem cuidados e com qualidade» e «desenvolver uma gestão da autarquia ainda mais transparente e participada, mais eficiente na utilização dos recursos e mais próxima do cidadão». Vistas, que rejeitou um acordo com o PSD, candidata-se pelo movimento ‘Independentes, Oeiras mais à Frente’.