“O português tem o gene de ajudar. Às vezes é preciso é acordá-lo”

Carlos David, presidente da direção dos bombeiros de Pedrógão Grande refere que estão abastecidos “até demais”, mas que todos os mantimentos vão ser distribuídos por quem precisa

O espaço que seria de estacionamento para os carros de bombeiros tem hoje uma função bem diferente. Os carros, esses, estão no terreno e o quartel serve agora de abrigo às toneladas de alimentos que chegam de todo o país. 

Pedrógão Grande é o centro da onda de solidariedade que faz com que, desde domingo, não tenham parado de chegar camiões de comida, roupa e medicamentos para servir os afetados pelo fogo que provocou 64 mortos e 157 feridos.

"O português tem o gene de ajudar. Às vezes é preciso é acordá-lo", garante Carlos David, presidente da direção dos bombeiros de Pedrógão e que, desde sábado, assume funções de coordenação dos bens que têm chegado de todo o país. Não avança com números, "porque se pecar, é por defeito", mas garante que tudo tem chegado em grandes quantidades, muitas vezes até em demasia. "Mas garanto que tudo vai ser distribuído por quem precisa. Aliás, vai ser um prazer fazer isso", salienta.

No quartel, estão empilhados quilos de fruta, sacos de cereais, bolachas e bebidas energéticas, caixotes de pão de forma e leite. As águas fazem já uma torre alta. Diana Linhares é uma das centenas de voluntárias que ajuda a organizar os alimentos. Enquanto uns preparam as mesas para o almoço que está a ser feito pelos fuzileiros da marinha, Diana fica à frente da equipa que prepara pequenos sacos com fruta, sandes e barritas energéticas, caso os bombeiros não tenham tempo de parar para a refeição.

Carlos David conta que ontem serviram 950 jantares, cenário que se deve repetir hoje. "Tudo o que está aqui é para os bombeiros, para a GNR, para a Proteção Civil e os voluntários. Mas na verdade é para todos, não negamos nada a quem nos chega com fome".