É uma das questões que António Costa quer ver respondidas com urgência, segundo um despacho tornado hoje público pela Lusa. "Porque não foi encerrada ao trânsito a Estrada Nacional (EN 236-I), foi esta via indicada pelas autoridades como alternativa ao IC 8 já encerrado e foram adoptadas medidas de segurança à circulação nesta via?". Nos últimos dias, os relatos de pessoas que dizem ter sido encaminhadas para esta via pela GNR, quando acediam ao IC8, tem motivado preplexidade.
Num troço desta estrada, num espaço de cerca de 300 metros, perderam a vida 47 pessoas, algumas dentro dos carros onde seguiam viagem. A maioria das viaturas seguia na direção de Castanheira de Pera, adiantou ao i o especialista em incêndios florestais Domingos Xavier Viegas, que acompanhou as perícias da PJ no domingo e avança que o fumo e as chamas terão varrido o local onde se concentraram os carros num intervalo de cinco a dez minutos. Há relatos de pessoas atropeladas no local por carros que tentavam a fuga e de outros que conseguiram inverter a marcha. O facto de esta reta ficar entre dois desfiladeiros pode ter dificultado as manobras.
Questionada pelo i sobre o que motivou esta opção, sobre quantos carros foram deviados para esta via e que tipo de presença militar havia no local, o porta voz da GNR respondeu esta noite que, de momento, as forças da Guarda no terreno estão concentradas na proteção e socorro das populações. "Oportunamente e como é habitual, todos os procedimentos adotados serão devidamente avaliados", informou o major Bruno Marques, remetendo assim as averiguações para um momento posterior.
Em declarações ao i, Domingos Xavier Viegas duvida que o corte da estrada pudesse ter tido um efeito definitivo na prevenção da tragédia."Não posso responder em particular, o que posso dizer é que conhecendo aquela zona, se uma pessoa fecha uma estrada no ponto A ou no ponto B não corta o acesso porque entre os dois pontos há diferentes hipóteses de entrar na via, ou porque a pessoa tem uma casa ou porque há um caminho ou um carreiro. Uma pessoa pode nem passar nos pontos de controlo e está na estrada. Penso que não foi esse o caso nesta situação, mas podia ser. Antes de pôr essa questão penso que o que podemos perguntar-nos era se havia conhecimento e capacidade de prever o que ia acontecer e capacidade de comunicar às pessoas esse risco."