O IAVE – Instituto de Avaliação Educativa – vai decidir até ao final desta semana se anula, ou não, o exame nacional de Português do 12.º ano.
Esta é uma das consequências possíveis da suspeita de fuga de informação sobre o conteúdo da prova que se realizou na passada segunda-feira por 74.067 alunos, de acordo com os números do Ministério da Educação. Nenhum exame nacional foi anulado nos últimos vinte anos.
Caso a prova seja anulada terá de ser repetida por todos os alunos.
O exame está em risco de ser anulado depois de ter chegado uma denúncia de fuga de informação que já está a ser investigada pelo Ministério Público e pela Inspeção Geral da Educação, a pedido do IAVE.
Dias antes do exame, avança o Expresso, houve uma gravação audio de uma aluna que relatava todos os tópicos que iriam sair no exame. E os tópicos coincidiram com o que acabou por sair no exame. De acordo com a gravação da aluna, que não se identifica, o conteúdo do exame terá chegado aos alunos através de uma explicadora que é também presidente de um sindicato.
"Ó malta, falei com uma amiga minha cuja explicadora é presidente do sindicato de professores, uma comuna, e diz que ela precisa mesmo, mesmo, mesmo só de estudar Alberto Caeiro e contos e poesia do século XX. Ela sabe todos os anos o que sai e este ano inclusive. E pediu para ela treinar também uma composição sobre a importância da memória…".
Questionado pelo i, o IAVE remete explicações e consequências “para os próximos dias”. Para já, o instituto diz apenas que “nesta fase o processo está a entrar em fase de averiguação e estará em segredo de justiça, nada mais havendo por ora a declarar”.
O Ministério da Educação nada diz sobre a suspeita de fuga de informação.
Outra suspeita de fuga
A suspeita de fuga de informação que está a ser investigada não foi a única que andou a circular pela internet. No sábado ao final da tarde, de acordo com alguns alunos, o exame terá estado disponível no site do IAVE.
Chegaram ao i fotos com o link do exame na página da internet do IAVE e chegaram várias trocas de mensagens com tópicos do exame. Nesta alegada fuga os tópicos do exame que circulavam eram o capítulo 19 do Memorial do Convento, o poema “Cristalizações” de Cesário Verde, e uma dissertação sobre o turismo em Portugal.
O i questionou o Ministério da Educação sobre a suspeita de fuga durante o fim de semana e, na altura, o IAVE garantiu que “não houve qualquer publicação” do exame no site. “Infelizmente tem-se verificado, nos últimos anos, que são postas a circular mensagens com especulações sobre o conteúdo dos exames, o que em nada contribui para a tranquilidade que os estudantes merecem”, rematou o gabinete de Tiago Brandão Rodrigues.
O conteúdo do exame acabou por não coincidir com a prova que foi apresentada aos alunos. Todos os anos o IAVE desenha previamente três exames com conteúdos diferentes para cada disciplina. Apenas um exame é selecionado para ser resolvido pelos alunos.