Constança Urbano de Sousa admitiu esta noite, em entrevista à RTP, que pode ter havido uma “subvalorização” do risco de incêndio anunciado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera para o último fim-de-semana. Questionada sobre se o Estado português falhou na segurança e proteção dos cidadãos que morreram no fogo de Pedrógão Grande, Constança Urbano de Sousa disse ser “muito prematuro” para responder. “As operações ainda não acabaram e estamos naquele momento em que é preciso acabar definitivamente este incêndio e outro vizinho em Góis.”
A ministra da Administração Interna reiterou a leitura de que o fogo que deflagrou na tarde de sábado em Pedrógão e que fez 64 vítimas mortais foi uma situação “absolutamente anómala e alucinante".
A ministra defendeu que o fogo deve ser investigado e deu como exemplo uma comissão parlamentar. Disse também que nunca ponderou demitir-se. "Aquilo que era mais fácil para um político era demitir-se. Eu optei por continuar a minha missão de serviço público e estar aqui dando a cara, assumindo responsabilidades, estando aqui neste teatro de operações e outros, 24 sobre 24 horas. Teria sido muito fácil para mim dizer 'demito-me', mas um político está tambem para encontrar soluções e não fugir perante a adversidade e dificuldade. Isso teria sido cobarde da minha parte e eu não sou uma pessoa cobarde", afirmou a ministra, acrescentando que, enquanto o primeiro-ministro mantiver confiança em si, não se demitirá.
Constança Urbano de Sousa explicou que o que se passou no terreno, por razões atmosféricas, foi uma espécie de tornado que lançou bolas de fogo e fez alastrar o incêndio, aquilo a que é chamado um “incêndio eruptivo”. A ministra admitiu, porém, que o facto de a EN346 não ter sido fechada lhe causou “alguma perplexidade”.
A governante adiantou também que a interrupção no sistema de comunicações de emergência SIRESP será investigada, mas garante desde já que não houve uma falha total.