A situação dos incêndios, apesar de já estar a abrandar (queira Deus que não se agrave novamente), é uma catástrofe que deixa várias questões por responder. O jornalista Vítor Gonçalves foi o espelho da pergunta “como foi isto possível?”, adotando um estilo de entrevista mais agressivo que lhe é habitual. A todas as perguntas a ministra Urbano de Sousa respondeu com calma e ponderação, não hesitando, quando foi o caso, de responder “não sei.” E deixou-nos algumas informações importantes, como que sábado estiveram, em todo o país, mais de 9.000 bombeiros a lutar contra os incêndios florestais.
Mas o que mais me impressionou foi a atitude da ministra, sensata e adulta. Revelou que está no teatro de operações desde sábado. E, na sequência de uma questão do jornalista, respondeu que “estes foram os piores dias da minha vida”. O diálogo parou, e a câmara focou-se em Urbano de Sousa. Ela fez aquela afirmação sem que a voz se embargasse, e nem sequer pestanejou. Fez lembrar aquela célebre frase do Marquês de Pombal após o terramoto de 1755: “Agora, cuidar dos vivos e enterrar os mortos”. Urbano de Sousa passou uma imagem de sensatez e pragmatismo, justamente o que é preciso nestas ocasiões. Fiquei muito bem impressionado.