A notícia caiu como uma bomba no futebol espanhol: Cristiano Ronaldo quer sair do Real Madrid. Dada primeiro pelo jornal A Bola, teve depois repercussão instantânea por todo o planeta futebol. E tudo devido a uma acusação ao internacional português de evasão fiscal, feita pelo Ministério Público espanhol. Ronaldo, na verdade, é acusado de quatro delitos fiscais no período de 2011 a 2014, por alegadamente não ter declarado um valor na ordem dos 14,7 milhões de euros, referentes a receitas de direitos de imagem.
Nos últimos dias, surgiram versões dissonantes na imprensa espanhola sobre o rumo que o processo iria tomar. Na quarta-feira, a rádio Cadena Cope adiantava que o CR7 iria pagar o valor que alegadamente deve ao fisco espanhol, evitando dessa forma penas mais pesadas no futuro. No entanto, no dia seguinte a agência noticiosa EFE garantiu que tal pensamento não passa pela cabeça de Ronaldo: o capitão da Seleção nacional foi entretanto notificado para se apresentar em tribunal perante um juiz de instrução a 31 de julho, às 10h00 portuguesas, e é sua vontade cumprir tal desiderato e provar a sua inocência perante a Justiça.
Corre, porém, um enorme risco, pois incorre numa pena de prisão de dois a sete anos e no pagamento de uma multa de 28 milhões de euros caso se venham a provar os delitos de que é acusado. No horizonte está, se Ronaldo optar por esta via, uma batalha judicial que poderá prolongar-se durante anos.
Entretanto, o próprio ministro das Finanças espanhol, Cristóbal Montoro, tentou pôr alguma água na fervura. «Ninguém é culpado até que saia uma decisão judicial», realçou, embora salientando a necessidade de utilizar o futebol como exemplo para o resto da sociedade.
Escusado será dizer que o anúncio da suposta vontade de Ronaldo em deixar o Real Madrid fez o mercado entrar em convulsão. De pronto se falou de vários clubes dispostos a desembolsar até 200 milhões de euros (!!!) para a sua contratação, com o Paris Saint-Germain e o Manchester United na linha da frente – mais o Bayern Munique e até o futebol chinês. Para já, Ronaldo ainda não foi julgado e continua na Taça das Confederações,_à procura de mais glória por Portugal. Daqui a uns tempos, se verá…
Mou clama inocência
Mas não foi só Ronaldo a ter dores de cabeça na última semana por causa do fisco. Também José Mourinho foi visado pela Autoridade Tributária espanhola, que acusa o técnico português de fraude fiscal no valor de 3,3 milhões de euros entre 2011 e 2012, quando treinava o Real Madrid. Mais uma vez, tal como no caso do CR7, estes números referem-se a receitas provenientes da cedência dos direitos de imagem, que não terão sido declaradas por Mourinho.
De acordo com a Imprensa espanhola, o ‘Special One’ estará a ser investigado desde 2014, tendo sido alertado de tal pelo próprio Fisco a 23 de julho desse ano. Mourinho terá mesmo assinado a 3 de julho de 2015 um documento em que assumia não ter declarado direitos de imagem e concordava em pagar uma multa de 1,14 milhões de euros.
Entretanto, a Gestifute, empresa de Jorge Mendes que representa o técnico luso, garantiu não ter sido notificada de qualquer denúncia, proclamando também a total inocência de Mourinho. «José Mourinho, que residiu em Espanha desde junho de 2010 até maio de 2013, pagou mais de 26 milhões de euros em impostos, com uma taxa média superior a 41% e aceitou propostas de regularização da Administração Fiscal em 2015, relativas aos anos de 2011 e 2012, e resolveu por acordo a situação relativa ao ano de 2013. O Governo espanhol, através da Agência Tributária, emitiu uma certidão onde confirmava que ele tinha regularizado a sua situação e que se encontrava com todas as suas obrigações tributárias em dia», pode ler-se num comunicado.