Este ato de tortura, para além de condenável em si, tinha sido proibido pela Câmara Municipal de Benavente, que apenas tinha autorizado a largada de três touros.
Nas largadas de touros, embora eu não aprecie o espetáculo, o homem e o animal estão em igualdade de circunstâncias, daí que todos os anos morram pessoas nesta divertida atividade. Mas as vítimas são voluntárias. Se decidiram saltar para dentro da arena, desafiando o touro, por vezes morrendo e deixando uma viúva e filhos por criar, ao menos sabiam no que se estavam a meter. Os comerciantes locais, patrocinadores destas festas, bem como alguns membros das vereações municipais, consideram as mortes nas largadas de touros “acontecimentos normais neste tipo de eventos”. Os interesses comerciais e a estupidez sobrepõem-se a tudo o resto. Por uma questão de igualdade entre homens e animais, também podiam organizar sessões coletivas de roleta-russa, que teriam de certeza muito público, sendo ótimas para os negócios.
Em Portugal, têm sido recentemente registados avanços nos direitos dos animais, que deixaram finalmente de serem considerados como coisas pela lei, mas sim como seres inteligentes e sensíveis. Nada que demova os seus torturadores, como no caso de Benavente. Talvez fosse boa ideia punir os maus tratos a animais com penas de prisão, em vez de apenas multas. Tal seria mais dissuasor do que as multas, que não conseguem travar os torturadores de animais.