Um camião cisterna que transportava mais de vinte mil litros de combustível capotou este domingo no leste do Paquistão, explodiu 45 minutos depois do acidente e matou dezenas de pessoas que se concentraram à volta do veículo, tentando recolher o combustível com garrafas e bidões, ignorando os alertas das autoridades para saíram do local. Ao final da tarde, confirmavam-se 140 mortos e mais de 50 feridos, mas os responsáveis médicos indicavam ao “New York Times” que o número total de vítimas deve aumentar ao longo dos próximos dias, uma vez que muitos dos feridos estão em estado crítico. Dezenas de corpos podem nunca ser reconhecidos dado o seu estado carbonizado.
O acidente podia ter sido muito menos letal caso dezenas de pessoas não tivessem corrido em direção ao camião cisterna que jorrava combustível, mas, em poucos minutos, vários veículos e motas se tinham reunido em torno do camião. “Dissemos repetidamente às pessoas para abandonarem o local do acidente, mas elas não nos deram ouvidos e continuaram a chegar”, disse Muhammad Rizwan, responsável da polícia paquistanesa, em declarações este domingo ao “New York Times”. “Sabíamos que era perigoso e que se houvesse mais motas e carros, o número de mortes ainda iria aumentar mais”, acrescentou, confirmando que cerca de 73 motas ficaram destruídas na explosão, que ocorreu um dia antes das celebrações paquistanesas do Eid, a festividade que celebra o fim do Ramadão.
As autoridades paquistanesas anunciaram que vão investigar a causa da explosão, embora a teoria dominante deste domingo era a de que a detonação provavelmente aconteceu com uma faísca provocada pelo motor. Não há também indicações sobre o que pode ter levado o camião cisterna a capotar, mas o que se sabe é que uma mesquita local anunciou o acidente por altifalante, provocando uma enchente de pessoas em busca de combustível grátis. Abdul Rashid, de 30 anos, foi um deles. Ficou ferido enquanto esperava à distância por um amigo que recolhia combustível. “Estacionei a minha mota na estrada e esperei que o meu amigo conseguisse o combustível”, contou ao diário nova-iorquino, dizendo não saber o que aconteceu ao companheiro. “Não tínhamos nenhuma garrafa, por isso pedimos às pessoas que estavam lá e conseguimos uma. Era pequena, por isso o meu amigo foi lá três vezes.”
As pessoas feridas foram enviadas este domingo para o hospital distrital de Victoria, na localidade vizinha de Bahawalpur, onde, no entanto, não parece haver instalações adequadas para o tratamento de queimaduras. O exército paquistanês enviou dois helicópteros para transportar os feridos mais graves para o hospital de Multan, situado a cerca de cem quilómetros no norte de Bahawalpur. O governo paquistanês assegura que está a acompanhar a situação. “Nunca vi nada como isto na minha vida”, dizia um polícia local à Associated Press. “As vítimas estavam envoltas numa bola de fogo e gritavam por ajuda”, conta. “Vimos corpos por todo o lado, muitos deles apenas em esqueleto”.