Os cães parecem-se com os seus donos
Michael Roy, psicólogo da Universidade da Califórnia, criou um teste em que pedia às pessoas para identificar, num conjunto de fotografias, os pares corretos de dono e cão. O teste foi repetido vezes sem conta e ele observou que a maioria dos participantes conseguia identificar os casais com bastante precisão. Isto fez com que o psicólogo chegasse à conclusão que o ser humano tem tendência a preferir um cão que seja parecido consigo, quer esta escolha tenha sido consciente ou não, e apesar de quase todas as escolhas se basearem em semelhanças físicas, muitas das seleções também foram feitas com base em aspetos mais subtis como o formato dos olhos.
Têm memória episódica
O estudo publicado na revista Current Biology mostra que os cachorros, assim como os humanos, conseguem lembrar-se de factos do passado, mesmo que esses factos não sejam particularmente importantes ou significantes no momento. Isto sugere que eles possuem uma “memória episódica” algo que até ao momento só estaria presente nos humanos. Esta é uma habilidade de viajar mentalmente no tempo e relembrar experiências e eventos específicos, momentos, lugares e emoções associadas. Para além disso, a memória episódica também é um possível sinal de auto consciência dos cães.
Demonstram atitudes parecidas com as crianças
A Universidade de Viena, Áustria, realizou um estudo que comprovou que os cães, junto dos donos, se comportam como crianças. Lisa Horn, chefe do grupo, tinha como objetivo verificar de que forma os cães se iriam comportar perante o silêncio e ausência de iniciativas do dono, e reparou que quando os donos não estão presentes eles sentiam-se mas inseguros e ansiosos. De acordo com Lisa, o que aconteceu com estes animais é algo que também acontece com as crianças e pode ser explicado da mesma forma. Nem as crianças nem os cães se apegam apenas aos seus pais porque eles fornecem alimentos, mas sim porque existe a criação de um vínculo afetivo que garante que elas tenham sucesso nas capacidades cognitivas e emocionais.
Personalidades semelhantes às dos donos
Borbala Turcsan, investigador da Universidade de Eotvos, Budapeste, diz-nos que os traços de semelhança com os nossos cães vão muito além da aparência física. O investigador descobriu que os cães e os seus donos têm a tendência a apresentar perfis de personalidade semelhantes. Por exemplo, pessoas mais stressadas ou desconfiadas podem ter cães mais agressivos com estranhos e os donos tímidos, provavelmente vão ter um cão que passa a vida a esconder-se nas suas pernas. No entanto, isto não tem a ver com o tempo que o cão vive com o seu proprietário, não é apenas uma questão de adaptação ou integração, mas sim algo que vem da própria essência do animal.
Entendem o que lhes é dito
Os nossos amigos de quatro patas conseguem diferenciar palavras e distinguir entoações quando nos dirigimos a eles. Segundo um estudo publicado pela revista Science, eles utilizam uma região do cérebro semelhante à utilizada pelos humanos, levando os cientistas a concluir que a capacidade de aprendizagem de vocabulário não é exclusiva do homem. Neste estudo foram colocados 13 cães de diferentes raças numa máquina de ressonância magnética de forma a avaliar as reações à linguagem. Os resultados mostraram que os cães reconheciam cada palavra de maneira diferente, independentemente da entoação, e fizeram-no utilizando o hemisfério esquerdo do cérebro, o mesmo utilizado pelos humanos.
Apresentam inteligência social
Truques ligados a muito treino, como sentar e levantar a patinha, são proezas que várias espécies conseguem fazer. No entanto, novos estudos indicam que para além disso os cães também são dotados daquilo a que os cientistas chamam de “inteligência social”, uma rara capacidade de compreensão. De acordo com Alexandra Horowitz, investigadora na Universidade da Colombia, os cães reagem ao nosso olhar de uma forma como apenas os humanos são capazes de fazer. E provavelmente são os únicos animais na face da Terra com a capacidade de realmente entenderem o que lhes dizemos, eles estão a ficar cada vez mais inteligentes e parecidos com os humanos.
Observam as pessoas
Laurie Santos, diretora do Laboratório de Cognição Comparativa de Yale, diz que os cães observam as pessoas, e isso é uma característica fundamental nas interações sociais. A pesquisa baseou-se em observar a reação dos cães quando os seus donos estavam numa sala a precisar de ajuda e pediam auxílio a alguém. Havia pessoas que viravam as costas ao dono, havia pessoas que ajudavam e pessoas que se mantiveram neutras. Depois disto, estas pessoas ofereciam biscoitos aos cães. Nesta fase foi possível observar que os cães não tinham tendência a aceitar os biscoitos de quem não ajudava o seu dono. A observação das pessoas é fundamental nas interações sociais.
Seguem o olhar dos humanos
O seguimento de Gaze é instintivo na maioria dos animais – incluindo os humanos, porque, de acordo com Lisa Wallis, os alerta para tudo o que os rodeia. Os estudos de Wallis observaram mais de 145 cães da raça Border Colies com diferentes tipos de treino e teve como objetivo verificar se a idade, hábitos ou treino influenciavam a tendência dos cães em seguir os humanos. Observou a reação dos cães enquanto olhava para uma porta e para sua surpresa apenas os cães não treinados seguiram o seu olhar, enquanto que os treinados a ignoravam. Isto pode acontecer porque os cães treinados aprendem a focar a cara de uma pessoa e não o local para onde a pessoa estava a olhar.
Têm o mesmo olhar que o dono
A pesquisa da Sadahiko Nakajima direcionou-se para as semelhanças que um cão e o seu dono exibem. O investigador pediu que vários voluntários identificassem pares de fotos de cães e humanos em fotografias com algumas partes do rosto tapadas e pediu-lhes que definissem se a pessoa que estava ao lado do cão era ou não o seu dono. A maioria do grupo foi capaz de identificar os pares verdadeiros e os falsos. Os resultados mostraram que, para quem viu as faces completas, acertavam em 80% nos pares, esta percentagem descia para 50% quando as pessoas não conseguiam ver os olhos e tornava a subir para os 74% quando os olhos estavam visíveis, provando que a semelhança entre cão e dono se encontra maioritariamente no olhar.
Cães e donos amam-se através dos olhos
O segredo que alimenta o amor entre o cão e o seu dono foi desvendado pelo veterinário Takefumi Kikusui e pela sua equipa de investigadores. Eles mostraram que quando um cão e o seu dono se olham nos olhos produzem em maior quantidade a hormona oxitocina, fundamental para se sentir carinho. O investigador concluiu que quanto mais os cães e os donos se olhavam nos olhos, mais oxitocina produziam os seus cérebros. Durante esta investigação, também foi administrada a hormona a alguns cães, através do focinho, e concluiu-se que as fêmeas são mais sensíveis à presença de oxitocina na corrente sanguínea do que os machos. Os investigadores provaram que está tudo no olhar.