Os últimos dias do Estado Islâmico em Mossul são também dias de conquistas simbólicas. A mesquita de onde o líder do Estado Islãmico anunciou que formara um califado com ambições globais e que até recentemente era um dos locais mais sagrados do islão sunita foi capturada esta quinta-feira pelas tropas iraquianas que combatem as últimas dezenas de militantes jihadistas na segunda maior cidade do país.
Ou, pelo menos, as suas ruínas, uma vez que o próprio grupo extremista a detonou na última semana para evitar que as tropas de Bagdad pudessem proclamar vitória do mesmo local de onde o seu suposto califa reivindicou o início do domínio jihadista da região.
“O regresso à nação da mesquita de al-Nuri e do minarete de al-Hadba representa o fim do Estado de falsidade do Daesh”, anunciou o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, recorrendo a um acrónimo pejorativo para o grupo em árabe e aparentemente não fazendo caso do facto de que já nem a mesquita nem o seu famoso minarete inclinado existem.
“O seu Estado fictício caiu”, disse, por sua vez, o porta-voz militar iraquiano, Yahya Rsool, na televisão estatal. No entanto, de acordo com o enviado especial da BBC, a zona das ruínas da mesquita continua sob fogo de atiradores furtivos e morteiros dos extremistas que ainda ocupam alguns bairros da zona histórica da cidade. No início da semana calculava-se que existissem ainda 350 combatentes do Estado Islâmico em Mossul, no passado a cidade mais importante nos domínios do grupo e a sua maior fonte de receitas.
Já quase um milhão de pessoas fugiram de Mossul, embora cerca de 100 mil continuem na cidade, sujeitas ao fogo-cruzado e aos intensos ataques aéreos da coligação ocidental que já mataram centenas de civis. A derrota antecipada do Estado Islâmico em Mossul será o fim dos domínios urbanos do grupo no Iraque, que controla, todavia, ainda cerca de 36 mil quilómetros quadrados entre o país e a vizinha Síria.