O líder máximo do PSD, Pedro Passos Coelho, manifestou-se este sábado surpreendido por ainda ninguém na hierarquia militar ter sido despedido, ou sequer apresentado a demissão, na sequência do roubo de material de guerra em Tancos, Santarém. "Fico espantado por até hoje na própria hierarquia militar não ter havido ninguém que tivesse sido exonerado ou colocado o lugar à disposição, e temos um ministro da Defesa que assume a responsabilidade política, sem que ninguém saiba associar isso a qualquer ação. Era importante que o país soubesse o que é que isto quer dizer, que ações é que foram tomadas", frisou o ex-Primeiro-Ministro, na sessão de encerramento da Convenção Autarquia do PSD, que decorreu em Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança.
Passos Coelho salientou mesmo que, por lei, compete à Procuradoria-Geral da República (PGR) investigar o que se passou. "Tem mesmo de ser a PGR a fazer a investigação e não pode deixar para esse efeito de contar com a cooperação da Polícia Judiciária, que tem, de resto, uma unidade de combate ao terrorismo e ao crime organizado, que é justamente quem pode acrescentar alguma coisa significativa em termos de investigação", ressalvou o presidente do PSD, lembrando estar em causa material de guerra "que pode ser empregue por forças militares ou utilizado por terroristas". "O que se vier a passar na Europa ou em Portugal nos próximos tempos pode ser condicionado por falhas de segurança graves como esta que aconteceu. Isto é uma situação grave, que não é para desdramatizar", apontou, pedindo "sentido de responsabilidade" para lidar com assuntos de Estado como este.
Antes, já o chefe do Estado-Maior do Exército, General Rovisco Duarte, havia referido que roubos como este "podem acontecer em qualquer país e em qualquer Exército, desde que haja vontades e capacidades". "O material de guerra roubado foi selecionado por quem tinha conhecimento do conteúdo dos paióis", referiu, garantindo que a segurança foi entretanto reforçada com "aumento de efetivos e patrulhas mais robustas". Sobre a falta de funcionamento do sistema de videovigilância do quartel, parado há dois anos, disse apenas que "não se permite ajuizar", frisando que os planos de segurança e vigilância foram cumpridos.
Entre o material de guerra roubado, recorde-se, estão granadas foguete anticarro, granadas de gás lacrimogéneo e explosivos.