O Quicken Loans National deste ano começa este domingo em Maryland, mas não irá contar com o anfitrião. Tiger Woods, 14 vezes campeão dos maiores torneios de golfe do mundo, uma lenda da modalidade – apontado pela maioria dos amantes do jogo como o maior de sempre -, está a passar por novo drama na sua vida pessoal, que se arrasta para os campos.
As imagens correram céleres, como é habitual em plena era de redes sociais: o vídeo de Tigre a ser detido na Flórida, na madrugada de 29 de maio, por conduzir sob o efeito de substâncias, mostra um homem completamente desorientado, sem conseguir dar dois passos em linha reta; a fotografia prisional, onde Woods, natural da Califórnia mas filho de um afro-americano e de uma tailandesa com antepassados chineses e holandeses, aparece com um semblante medonho; as justificações que soaram a desculpas esfarrapadas logo após sair em liberdade: «Não havia álcool envolvido. O que aconteceu foi uma reação inesperada devido a uma mistura de medicamentos».
Há poucas semanas, Tiger resolveu abrir o coração ao mundo. Em comunicado, aquele que foi o número 1 do mundo durante mais tempo na história (de agosto de 1999 a setembro de 2004 e de junho de 2005 a outubro de 2010) revelou estar a sofrer de dores horríveis nas costas e insónias e assumiu precisar de tratamento profissional para lidar com os problemas de saúde.
A verdade é que Tiger Woods não é um novato nestas polémicas. Em dezembro de 2009, quando rebentou o escândalo de infidelidade que acabaria por ditar o seu divórcio com a modelo sueca Elin Nordegren, mãe dos seus dois filhos, o golfista esteve envolvido num acidente de carro… por conduzir sob o efeito de álcool. Foi multado. As infidelidades, porém, custaram-lhe bem mais: cerca de 50 milhões de dólares em patrocínios, para ser mais exato.
A confissão acabou por surgir: Tiger revelou ser viciado em sexo e admitiu ter tido casos com mais de 120 mulheres enquanto era casado. Por essa mesma razão viria a perder também a relação com a esquiadora Lindsey Vonn, já em 2015.
Uma das amantes conhecidas é a modelo Cori Rist. Ouvida pelo The New York Post após o último incidente de Tiger Woods com as autoridades, Rist revelou ter pena do golfista, descrevendo-o como uma «boa pessoa». «É claramente um bom pai e está a passar por tempos difíceis. As pessoas deviam apoiá-lo, em vez de aplaudir as suas quedas», disparou, garantindo ainda que, nos seis meses em que manteve o caso com Woods, nunca o viu consumir drogas ou álcool.
Profissional desde os 20 anos, Eldrick Tont Woods – Tiger por desígnio do pai, que atribuíra essa alcunha a um amigo que com ele havia servido na guerra do Vietname – é um dos desportistas que mais dinheiro lucrou no novo século. Aliás, apesar do percurso errante no golfe nos últimos anos – não ganha um grande título desde 2008 e desde maio de 2016 que está fora do top-500 -, foi ainda o 17.º desportista mais bem pago do mundo no último ano, de acordo com o estudo divulgado recentemente pela revista Forbes, faturando qualquer coisa como 37,1 milhões de dólares entre salários, prémios de jogo e bónus decorrentes de publicidade.
No passado dia 2 de junho, segundo a imprensa americana, o atleta de 41 anos terá tomado a decisão de se submeter a um tratamento de reabilitação de modo a não perder a custódia dos filhos (Sam, de nove anos, e Charlie, de oito). No próximo dia 5 de julho, será presente a tribunal para explicar a última detenção.
No mundo do golfe, os lamentos são muitos. Martin Kaymer, antigo número 1 do mundo, criticou a forma como a opinião pública conduziu o caso, considerando que o legado de Tiger Woods para a modalidade merecia mais respeito. «Acho de mau gosto darem-lhe pontapés quando ele já está no chão. Por que não tentar fazer o oposto e tentar ajudar quem tanto nos inspirou?», questiona. Já Jack Nicklaus, outro antigo campeão, não acredita num regresso ao mais alto nível. «Vai ser muito difícil. Não sei até que ponto o Tiger vai voltar a jogar golfe novamente. Até pode voltar e fazer uns jogos, mas com a quantidade de problemas que tem tido – mais pessoais do que propriamente sobre golfe… Vai ser duro», sustenta, embora ressalvando o «enorme contributo» que Tiger Woods pode continuar a dar à modalidade: «O Tiger é um bom miúdo, preocupa-se com as pessoas e tem muito para dar aos jovens e ao próprio jogo. Espero que volte a endireitar a sua vida e que possa usar o que já fez e o seu legado para ajudar muita gente»