Como explicou o jornalista especializado em golfe, Valdemar Afonso, «Salvador Costa Macedo é o diretor de golfe do Penina Hotel & Golf Resort, no Algarve, mas é desde jovem membro do Lisbon, como toda a sua família».
Ora o sinuoso e desafiante percurso de Par-69, situado na Serra da Carregueira, nos arredores de Belas, exige um profundo conhecimento para ser dominado.
Veja-se como no ano passado só Tomás Silva – que entretanto passou a profissional – conseguiu concluir abaixo do Par no final dos 36 buracos da competição.
Este ano nenhum jogador ficou abaixo do Par e Salvador Costa Macedo fechou a prova fundada em 1917 com 141 pancadas, 3 acima do Par, após voltas de 73 e 68, sendo a sua segunda volta (-1) a única de todo o torneio a ficar em “números vermelhos”!
Sintomaticamente, o título foi decidido entre os dois irmãos Costa Macedo, dado que Luís, outro profundo conhecedor do campo e diretor do Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor, terminou no 2º lugar, empatado com o ex-campeão nacional de sub-18, o inglês Nathan Brader, ambos a 4 pancadas do campeão.
Luís Costa Macedo, que ainda representa o Lisbon Sports Club, apresentou cartões de 72 e 73, enquanto Nathan Brader, do Clube de Golfe de Vilamoura, registou scores de 70 e 75, tendo liderado a prova aos 18 buracos.
A 100ª edição do torneio de golfe mais antigo da grande Lisboa foi preparada com todo o cuidado e, como relatou o site especializado “Golftattoo”, «estiveram presentes alguns dos melhores jogadores portugueses amadores de alta competição, antigas glórias do golfe nacional e do próprio clube, antigos vencedores da Lisbon Golf Cup e não faltou sequer o presidente da FPG, Miguel Franco de Sousa».
Em declarações ao “Golftattoo”, Salvador Costa Macedo mostrou-se surpreso pelo seu sucesso: «Confesso que não vim para ganhar ou para fazer um bom resultado, mas vim pela Lisbon Cup, pelos seus 100 anos, pela Carregueira. Eu nasci aqui, tenho os meus amigos aqui, e tudo isto tem significado para mim, não podia faltar».
Em termos teóricos, trata-se de uma grande surpresa, mas analisando mais de perto todos os fatores, aos irmãos Costa Macedo nunca lhes faltou talento (como se vê às vezes no Campeonato Nacional de Clubes Solverde). Apenas nunca enveredaram pela alta competição como outros e o fator casa é mesmo fundamental neste campo onde costuma jogar o antigo Presidente da República, Jorge Sampaio.
Veja-se como foi exatamente no Lisbon Sports Club que Salvador Costa Macedo conquistou aquele que era, até à data, o título mais importante da sua carreira amadora, o do Campeonato Nacional de Pares Mistos de 2003, ao lado de Patrícia Nunes Pedro, a irmã do atual presidente do clube, Pedro Nunes Pedro.
Ora não é por acaso que na classificação net Patrícia Nunes Pedro tenha terminado no 2º lugar, atrás do inultrapassável Salvador Costa Macedo.
Para os rankings anuais da Federação Portuguesa de Golfe (FPG), a classificação net é irrelevante, contando apenas a gross. E é curioso verificar que antes do torneio Salvador Costa Macedo nem estava no top-50 do Ranking Nacional BPI.
Em contrapartida, entre os 136 participantes de 20 clubes, estavam presentes sete dos 10 primeiros do Ranking Nacional BPI: o campeão nacional amador Tomás Melo Gouveia (1º), o vice-campeão nacional amador Vasco Alves (4º), Tomás Bessa (5º), Gonçalo Teodoro (7º), Gonçalo Costa (8º), Daniel da Costa Rodrigues (9º) e Nathan Brader (10º).
Faltaram Vítor Lopes (2º) e Pedro Lencart (3º) porque estavam ao serviço da seleção nacional no Campeonato da Europa Individual Amador, em Inglaterra, e Carlos Laranja (6º), residente na Madeira.
Não é por acaso que na classificação geral, logo depois dos irmãos Costa Macedo surgem os tais jogadores que se situam entre os mais credenciados no golfe nacional: Nathan Brader (+7), Gonçalo Costa (+8) e Tomás Melo Gouveia (+9).
O melhor resultado feminino (referindo sempre a classificação gross, a tal que conta para o Ranking Nacional BPI) foi de Leonor Bessa, do Club de Golf de Miramar, no 7º lugar da geral mas empatada com o 6º posto do antigo campeão nacional amador, José Maria Cazal Ribeiro (outro do Lisbon Sports Club).
A campeã nacional amadora Leonor Bessa somou 148 pancadas, 10 acima do Par, com voltas de 75 e 73. A vice-campeã nacional amadora, Sara Gouveia, obteve o segundo melhor resultado feminino e o 14º da classificação geral (empatada com o 13º), com 153 (77+76), +15.
Há um ano a Lisbon Cup marcou o regresso de alguns torneios tradicionais de clubes históricos ao calendário oficial da FPG.
Estes eventos passaram a pontuar desde 2016 para os rankings da FPG, recuperando uma medida que já tinha estado em vigor no início do século, mas que fora, entretanto, abandonada.
Note-se que independentemente dos clubes organizadores poderem oferecer o estatuto de campeão destas taças históricas ao vencedor net, para o Ranking Nacional BPI é a classificação gross que conta.
«É uma forma da FPG valorizar as provas tradicionais que cumprem o requisito exigível de um mínimo de duas voltas de stroke play. Ao mesmo tempo damos mais oportunidades aos jogadores de pontuarem para o ranking, enriquecendo o próprio ranking», explicou na altura João Coutinho, o diretor-técnico nacional.