4th of July. A grande parada do patriotismo americano

Os Estados Unidos da América vestem hoje o vermelho, o azul e o branco da sua bandeira para celebrar o Dia da Independência dos britânicos, naquele que é um dos maiores eventos de celebração nacionalista a nível mundial.

Dia da Independência

O pontapé de saída para a criação de um Estado independente no continente americano, livre do domínio da coroa britânica, já tinha sido dado em 1775, com o início da chamada Revolução Americana. Desde essa altura que estava em curso a rebelião das 13 colónias – New Hampshire, Massachusetts, Connecticut, Rhode Island, Nova Iorque, Nova Jérsia, Pensilvânia, Delaware, Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia – motivada sobretudo pela obrigatoriedade de pagamento de impostos, decretada por Londres.

Mas o nascimento dos Estados Unidos da América, enquanto nação e Estado soberano, data do dia 4 de julho de 1776. Há precisamente 241 anos os representantes das 13 colónias rebeldes juntaram-se em Filadélfia para a assinatura da Declaração de Independência, que oficializava o fim da submissão do território ao rei Jorge III e abria caminho para a formação de uma das experiências políticas mais inovadoras do seu tempo.

O fim do conflito armado entre norte-americanos e britânicos só veio a acontecer sete anos mais tarde, com a ratificação do Tratado de Paris, a 3 de setembro de 1783. O patriotismo americano, esse, ficou para sempre enraizado no dia 4 de julho.

 

Celebração à Americana

Numa carta dirigida à mulher, no dia antes de assinar a declaração enquanto representante do Massachusetts, o futuro presidente dos Estados Unidos, John Adams, previa que o Dia da Independência viria a ser celebrado pelas gerações futuras, com “pompa e circunstância” e com “paradas, jogos, desportos, armas, campainhas, fogueiras e iluminações”, de “um lado ao outro do continente”. E não falhou.

O dia 4 de julho foi declarado feriado nacional em 1870 e todos os anos é festejado com enorme entusiasmo por milhões de pessoas, em todos os estados norte-americanos.

É em volta do vermelho, branco e azul das bandeiras dos EUA que decoram as casas e as principais ruas das cidades, que se organizam anualmente paradas, fogo de artifício, churrascadas, discursos e concertos, e que se evoca o passado, presente e futuro glorioso de uma nação que acreditam ser única.

O Dia da Independência costuma ser igualmente o primeiro dia das férias de verão para muitos norte-americanos. Este ano, a proximidade entre a data especial e o passado fim de semana, fez com que muitos tenham entrado de férias já antes.

 

Festa na Casa Branca

No ano passado Barack Obama celebrou o Dia da Independência com a realização de uma grande festa na Casa Branca, que contou com a atuação de músicos como Kendrick Lamar ou Janelle Monáe, para além de um churrasco, do lançamento de fogo de artifício e do habitual discurso do presidente.

Para as celebrações deste ano apenas se sabe que Donald Trump e a primeira-dama vão organizar um piquenique num dos relvados da residência oficial e assistir ao fogo de artifício, juntamente com familiares e funcionários da Casa Branca.

O pontapé de saída para os festejos foi dado, no entanto, na passada sexta-feira, com a presença do presidente norte-americano num concerto de homenagem a veteranos de guerra, em Washington, onde aproveitou para fazer um discurso muito crítico para como os meios de comunicação social norte-americanos.

Daí, Trump voou para Nova Jérsia com a família para uma curta estadia num dos seus diversos resorts de golfe.

 

Segurança Máxima

Tal como em outros anos, as celebrações do Fourth of July vão ocorrer debaixo de um enorme dispositivo de segurança, um pouco por todo os Estados Unidos, uma realidade que já vem sendo habitual em eventos da envergadura daqueles que vão ter lugar no país.

Embora os recentes atentados terroristas no continente europeu obriguem as autoridades norte-americanas a estarem alerta, os departamentos policiais das principais cidades do país têm vindo a insistir, nas últimas semanas – através de recomendações e sugestões de comportamentos a evitar, divulgadas através das redes sociais – que não há registo de qualquer “ameaça específica ou iminente” para as celebrações deste ano. De qualquer forma é esperada a presença de militares nas ruas, apoiados pelo patrulhamento aéreo de helicópteros e drones.

As representações diplomáticas dos EUA espalhadas pelo globo estão igualmente em alerta. A embaixada norte-americana em Lisboa elevou o seu nível de segurança nos últimos dias e apesar de já ter organizado um evento de celebração do Dia da Independência na passada sexta-feira, deverá mantê-lo durante todo o dia de hoje.

 

Patriotismo pelo Ecrã

Nos Estados Unidos, já se sabe, aprende-se desde tenra idade a amar o país acima de todas as coisas. Para tal, além do contributo indispensável de celebrações como as do dia 4 de julho, há que contar com as famosas produções hollywoodescas criadas para exacerbar o patriotismo e colocadas no ar em datas especiais como a de hoje.

Dentro dos incontáveis filmes que se podem englobar nesta categoria – “Patton” (1970), “Apollo 13” (1995), “Armageddon” (1998), “O Patriota” (2000), ou “Capitão América” (2011, 2014 e 2016) encaixam que nem uma luva no clube – destacam-se os que associam a temática à celebração da independência.

E se “Nascido a 4 de Julho” (1989), com Tom Cruise, é um bom exemplo, “O Dia da Independência” (1996), de Roland Emmerich, acolhe as preferências das famílias americanas e não só, na hora de escolher o filme para o dia.

Quem não se recorda do discurso motivacional memorável do presidente Whitmore (Bill Pullman) ou das mais célebres e corajosas falas do jovem capitão Hiller (Will Smith), na hora de enfrentar  uma invasão alienígena, nesse mesmo dia 4 de julho?

 

As Festas dos Outros

Não são só os norte-americanos que fazem a festa no dia 4 de julho. A Dinamarca, as Filipinas e o Ruanda também celebram a data com grande entusiasmo, embora por razões distintas.

Naquele país do sudeste asiático festeja-se o Dia da República, uma vez que foi a 4 de julho de 1946 que se assinou o Tratado de Manila, entre Estados Unidos e as Filipinas, que oficializou a independência dos segundos face aos primeiros.

Já no Ruanda, o 4 de julho celebra o Dia da Libertação. Esse mesmo dia do ano de 1994 foi o escolhido pelos representantes daquele país africano para marcar o fim do genocídio e tem sido festejado todos os anos, a par da independência americana.

Na Dinamarca também se promove o dia 4 de julho, desde 1911. Mas, ao contrário das Filipinas ou do Ruanda, no Rebildfesten – como lhe chamam os dinamarqueses – festeja-se mesmo a independência dos EUA face aos britânicos. Um grupo de dinamarqueses de ascendência norte-americana adquiriu uma propriedade no norte do país e começou a organizar, desde essa altura, um festival de celebração do Fourth of July em solo europeu.