O primeiro-ministro iraquiano prossegue a sua campanha de triunfo pela reconquista de Mossul, embora os combates ainda prossigam em duas pequenas bolsas da cidade velha contra aquilo que se pensa serem os últimos militantes do Estado Islâmico.
“O comandante-chefe das Forças Armadas, primeiro–ministro Haider al-Abadi, chegou à cidade libertada de Mossul e congratulou os combatentes heroicos e o povo iraquiano pela sua vitória”, anunciou o gabinete de Abadi que, contas feitas, já declarou três vezes vitória sobre o grupo jihadista – a primeira quando os seus militantes fizeram explodir a mesquita histórica de al-Nuri, a 21 de junho; e a segunda quando as forças iraquianas conquistaram os seus escombros, uma semana depois.
Apesar das declarações públicas de triunfo, o porta-voz do primeiro-ministro iraquiano diz que a vitória formal será apenas declarada no momento em que os últimos combatentes do grupo extremista forem derrotados. Os combates duram há nove meses e o momento de triunfo final espera-se nos próximos dias, apesar de os militantes extremistas parecerem agora cada vez mais dispostos a responder aos avanços iraquianos com bombistas suicidas (alguns vestidos de mulher, tentando passar por uma das centenas de reféns que o grupo ainda controla).
No entanto, há também sinais de desespero na organização, que promete combater até à morte. Este domingo, o porta-voz do líder das operações iraquiano, o brigadeiro Yahya Rasool, disse à televisão estatal que, nos últimos dias, cerca de 30 combatentes do Estado Islâmico foram mortos ao tentarem escapar a nado pelo rio Tigre.
A batalha por Mossul ensina a não declarar vitória antes do tempo ou cair nos exageros que são comuns no governo iraquiano. Os combates foram mortíferos e debilitantes para as forças de elite do país – treinadas pelo exército norte-americano – que, segundo escrevia este domingo a Reuters, podem ter perdido qualquer coisa como 40% dos seus homens nos nove meses de operações. Os números oficiais são segredo de Estado, num sinal de que a campanha triunfal do governo de Bagdade tem contradições graves.
Apesar disto, a França e o Reino Unido celebravam também este domingo a libertação de Mossul, durante três anos um importante pilar financeiro e a joia da coroa do suposto califa Abu Bakr al-Baghdadi, ainda em parte incerta e, possivelmente, morto.