No seu depoimento, José Maria Ricciardi nomeou algumas das entidades que terão recebido contrapartidas financeiras para adquirirem ou reforçarem a sua posição na PT. O nome de Joe Berardo é um dos mencionados pelo antigo líder do BESI.
O conhecido empresário e colecionador de arte português é acionista em várias empresas, como a PT, o Millennium BCP e a Empresa Madeirense de Tabacos. Esta última viu-se envolvida na Operação Furacão, que investiga alegados crimes de fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais.
Ricciardi afirma que Berardo estará envolvido no processo de oposição à OPA da Sonae à PT. Em fevereiro de 2006, antes da OPA da Sonae, Berardo não tinha qualquer participação na PT. Um ano depois, altura em que surge a oferta do grupo de Belmiro de Azevedo, já detinha 3,58% da empresa. O MP suspeita que Salgado tenha convencido Berardo a entrar na PT, com financiamento obtido junto do BES, por forma a ter um aliado na oposição à OPA. Essa suspeita levou o MP a pedir cópias de documentos bancários da Fundação José Berardo, bem como da sociedade Ongoing Strategy Investments, que também obteve uma participação de 5,35% apenas em 2007.
O chumbo da OPA da Sonae levou à autonomização da área de media e comunicações da PT, dando origem à PT Multimédia – na qual o GES ficou com 13% das ações, cujo valor era de 165 milhões de euros. O MP suspeita que Salgado tenha pago várias dezenas de milhões de euros em luvas, no período que vai de 2006 a 2011, para obter decisões favoráveis ao GES na PT. Em causa estariam quatro negócios: o chumbo da OPA da Sonae à PT (2006), a autonomização da PT Multimédia (2007), a venda da Vivo à Telefónica (2010) e a compra da Oi. Salgado terá pago então 21 milhões de euros a Sócrates e 18,5 milhões a Zeinal Bava, ex-administrador da PT.