Esta terça-feira noticiava-se uma nova vez a morte do suposto califa do autoproclamado Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, quase um mês depois de o governo russo ter anunciado que era muito provável que o líder do grupo extremista tivesse morrido num ataque aéreo executado em finais de maio. Como noutras ocasiões em que a morte de Baghdadi foi relatada – e foram muitas –, não existia esta terça quem o confirmasse com certeza.
A notícia era avançada pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma organização sediada no Reino Unido e que depende de uma vasta rede de ativistas e informadores no solo da guerra civil. O grupo tem um longo historial de notícias verdadeiras e exclusivas sobre o conflito e esta terça afirmava que os relatos da morte do suposto califa vinha dos mais altos níveis na organização.
“Confirmámos a informação com líderes, incluindo um da primeira linha, que é sírio e está no Estado Islâmico que ocupa a secção leste de Deir al-Zor”, afirmou o diretor do Observatório, Rami Abdulrahman. O dirigente do órgão não é contudo capaz de dizer onde é que o alegado califa morreu ou quando, apenas informando que Baghdadi esteve em meses recentes nas zonas rurais do leste da província de Deir al-zor, próxima da fronteira da Síria com o Iraque.
De acordo com a Reuters, nem o Pentágono nem os responsáveis iraquianos e curdos em combate contra o grupo são para já capazes de confirmar a notícia da morte do líder extremista. Os meios de comunicação do grupo mantinham-se ontem em silêncio e o porta-voz da coligação americana no combate ao Estado Islâmico, Ryan Dillon, tão-pouco sabia da morte de Abu Bakr al-Baghdadi.
Apesar de tudo, concebe-se uma ordem de silêncio interno sobre o desaparecimento do líder numa altura em que o Estado Islâmico esvai-se em territórios e símbolos dos seus anos triunfantes.
Relato russo
A informação do Observatório é escassa e não é possível compará-la com os relatos do governo russo, que está também numa campanha de bombardeamentos contra o grupo extremista. De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Baghdadi morreu em finais de maio num encontro de vários líderes em Raqqa, o último bastião urbano do grupo e a sua sede burocrática. Raqqa não pertence à província de Deir al-zor, mas é suficiente próxima para dar força aos relatos desta terça-feira que vinham do Observatório.
Moscovo, no entanto, tem um registo de reivindicações exageradas e tenta há meses dissipar a ideia de que as suas operações na Síria são sobretudo de combate aos grupos extremistas que batalham o regime de Bashar al-Assad do que contra o Estado Islâmico.
De acordo com Moscovo, Baghdadi morreu num ataque aéreo que atingiu o edifício onde decorria a reunião e onde estavam qualquer coisa como outros 30 líderes. A Rússia diz que na zona estariam cerca de 300 militantes para fazer a segurança dos seus comandantes.