Católica diz que este pode ser o melhor ano da economia desde 2000

Universidade reviu em alta o crescimento para 2007. CFP fala em cumprimento das metas do défice.

O Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica reviu ontem em alta a sua previsão de crescimento da economia portuguesa para este ano e mostrou-se mais otimista para 2018 e 2019.

O NECEP prevê que Portugal cresça 2,7% em 2017, uma subida de 0,3% face à previsão de abril. O “crescimento mais forte da economia na zona euro, os efeitos desfasados da política orçamental do ano passado e, ainda, os sinais claros de recuperação cíclica da economia portuguesa” justificam a revisão, que, a confirmar-se, significará que este será o melhor ano para a economia portuguesa desde 2000.

O maior otimismo das previsões da universidade não se esgota em 2017. Para 2018 e 2019, o NECEP também revê em alta as suas previsões, em 0,2% e 0,3% e espera agora que o PIB aumente 2,1% e 1,9% nesses anos. Entre 2001 e 2016, a economia portuguesa cresceu a 0,3% ao ano.

Para além da melhor performance desde 2000, o valor previsto para 2017 ficará acima da previsão que o Governo inscreveu no Orçamento do Estado (1,8%), o que também poderá significar menos dificuldades para cumprir a meta de défice.

O cumprimento da meta do défice é também tido como possível pelo Conselho de Finanças Públicas.

O CFP revelou também ontem que que o défice no primeiro trimestre de 2017 foi de 966 milhões de euros, o que equivale a 2.1% do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal. Por comparação com os primeiros três meses de 2016, as contas mostram uma melhoria de 1,2%, cerca de 490 milhões de euros.

O CFP considera que os dados, significam uma “indicação positiva” do cumprimento das metas do Governo. “No passado recente o défice no primeiro trimestre tem vindo a revelar-se superior ao registado nos restantes trimestres do ano. O resultado obtido pode, assim, ser considerado como uma indicação positiva para o cumprimento da meta fixada pelo Governo para o défice orçamental: 1,6% do PIB no Orçamento do Estado para 2017 e 1,5% no Programa de Estabilidade”, pode ler-se no relatório do CFP.

Impacto da banca

A entidade, coordenada por Teodora Cardoso, sublinhou também que os impostos indiretos e as contribuições sociais levaram a um aumento da receita. Por outro lado, a despesa, nos três primeiros meses do ano, também subiu 66 milhões de euros. Ambas as rubricas estão a crescer a um ritmo inferior ao orçamentado pelo Governo.

No entanto, lembra o CFP, para 2017 “é de assinalar, devido ao seu potencial impacto, a incerteza associada ao eventual registo em contas nacionais da referida operação de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, bem como a recuperação da garantia concedida ao BPP (450 M€ ou 0,2% do PIB anual) prevista no OE/2017 e PE/2017, mas ainda não concretizada”.

Financiamento

A dívida pública esteve também na agenda de ontem, dia em que o Estado emitiu 1000 milhões de euros num duplo leilão de Obrigações do Tesouro (OT) com maturidades de dez anos e de 28 anos.

O Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP) colocou ontem no mercado 315 milhões de euros na reabertura da linha de OT com maturidade em 2045. A taxa foi de 3,977%, inferior ao último leilão comparável. Em 2015, com recurso a sindicatos bancários, Portugal tinha realizado uma operação de financiamento a 30 anos, pagando juros de 4,13%

Já nos títulos a dez anos foram emitidos ontem 685 milhões de euros. Mas o custo da operação – 3,085% – subiu em relação ao último leilão comparável. Em junho o juro pago pelo financiamento a dez anos tinha sido de 2,851%. A procura na linha de OT com maturidade em 2045 excedeu em 2,15 vezes a oferta. Já nos títulos a dez anos a procura foi de 1,52 vezes a oferta.

Com este duplo leilão Portugal financiou-se em 1000 milhões de euros, o montante máximo do intervalo definido para esta operação que era de entre 750 milhões e 1000 milhões de euros.