Caso Ventura: “E com o PCP ninguém se indigna?”

Vice-presidente do CDS e candidato à Covilhã, Mesquita Nunes critica postura “hipócrita” de quem convive com um partido “que defende ditaduras assassinas”

Depois de pedir a Ferro Rodrigues que “respeite o lugar que ocupa”, em reação ao facto do presidente da Assembleia da república ter criticado o Ministério Público, Adolfo Mesquita Nunes lançou ontem duras críticas ao Partido Comunista.

Contactado pelo i sobre o facto de o CDS ter retirado o apoio ao candidato à Câmara de Loures, que afirmou que a etnia cigana se julga “acima do Estado de Direito”, o vice-presidente do CDS-PP diz que “as declarações de André Ventura são inaceitáveis, mas então e a Venezuela?, e aquilo que se escreve no ‘Avante’? Com o PCP ninguém se indigna?”.

Para Mesquita Nunes, “um partido que defende ditaduras responsáveis por milhões de mortos atua no nosso parlamento com uma superioridade moral que é inaceitável”.

O ex-secretário de Estado de Turismo e este ano candidato à Câmara Municipal da Covilhã, de onde é natural, considera “hipócrita” que os partidos da esquerda se tenham “indignado com as inaceitáveis palavras de Ventura” mas convivam pacificamente com “um partido que defende integralmente ditaduras assassinas”, falando do PCP.

“Esta hipocrisia da esquerda dura há décadas e tolera abraços a quem luta pela manutenção de uma ditadura na Venezuela e a quem não critica, nem sequer ao de leve, ditaduras comunistas que mataram milhões”, considera. “É uma hipocrisia que dura há demasiado tempo para que a esquerda tenha qualquer legitimidade para criar cordões sanitários”, conclui o vice-presidente do CDS.

Comissão Europeia e Governo trocados

“Portugal não se opôs, no seio da União Europeia, à aplicação de sanções à Venezuela, pela simples razão de que essa questão não foi ainda discutida entre os Estados-membros da União Europeia”, disse o ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado publicado na quarta-feira. No entanto, menos de 24 horas depois, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, assumiu que o tema da Venezuela foi “abordado no início do encontro”, considerando que “ já reclamou demasiadas vidas”.

A contradição surge depois do MNE ter desmentido uma notícia do “El Pais” sobre Portugal ser o único país da UE contra sanções à Venezuela. O assunto foi mesmo discutido.