Pedro Passos Coelho teve direito a banho de multidão ontem na Madeira, na habitual festa do PSD madeirense no Chão da Lagoa. Longe dos tempos em que Alberto João Jardim animava os presentes, o ex-primeiro-ministro, sem conseguir puxar muito pelos aplausos, aproveitou a oportunidade para atacar o governo de António Costa por ter renegociado contratos com a banca e, ao mesmo tempo, estar a exigir à Região Autónoma da Madeira (RAM) que pague juros mais altos do que aqueles que o seu executivo está a pagar pelo dinheiro que Portugal pediu ao FMI e à União Europeia.
“Ao renegociar esses contratos com os bancos em Portugal, o que o governo fez foi pôr os cidadãos portugueses e os contribuintes a pagar mais de 600 milhões de euros que o governo decidiu perdoar aos bancos. E, hoje, o Estado português paga menos de juro pelo dinheiro que pediu emprestado ao FMI e às instituições europeias, mas está a cobrar mais dinheiro à RAM e isso não está certo”, disse o líder social-democrata.
Para Passos, é muito claro: “O que o governo está a fazer em Lisboa é a ganhar dinheiro com o empréstimo que fez à RAM.” E propôs aquilo que o seu partido faria se estivesse no governo: “Indexar os juros dos empréstimos que a RA paga àqueles que a própria República paga.” O líder “laranja” aproveitou igualmente para lembrar a promessa não cumprida aos madeirenses da construção de um novo hospital no Funchal.
“Todos os partidos se comprometeram com a construção do novo hospital do Funchal e a verdade é que o tempo vai passando, já quase levamos metade da legislatura cumprida e o governo da República, que todos os dias diz que acabou a austeridade e que o país vai de vento em popa, não consegue cumprir com os seus compromissos, não consegue honrar as suas promessas”, afirmou. E a explicação para essa incapacidade é simples: “O governo tem falhado ao país naquilo que é essencial” porque “não sabe resolver os problemas que ele próprio cria” e não consegue “assumir as suas responsabilidades.”
Reiterando o discurso que tem marcado o seu partido desde os incêndios de Pedrógão Grande e do roubo de armas em Tancos, o líder social-democrata sublinhou que “este governo só sabe viver de boas notícias” e, “quando alguma coisa corre mal, vira–se para a política de comunicação”, alusão à notícia avançada pelo i pouco depois dos acontecimentos de Pedrógão, de que os socialistas tinham encomendado um focus group para avaliar do impacto da tragédia na popularidade do governo.
Um mote aproveitado por Passos para estabelecer o contraste: “Caramba! Quando é preciso tomar decisões, não é para todos, não tem sido para todos, mas tem sido para nós e voltará a ser no futuro.” E acrescentou ainda uma estranha definição do seu partido: “O PSD é o único partido verdadeiramente português que não se cansa de lutar pelos portugueses.”
Na festa, que serviu também de apresentação dos candidatos às 11 câmaras do arquipélago e em que esteve presente o deputado Luís Montenegro, além, é claro, do presidente do governo regional e líder do PSD Madeira, Miguel Albuquerque, Passos Coelho falou na ideia de “poder regressar ao espírito que sempre foi o do PSD, o de um grande partido autárquico”, ou melhor, de “um grande partido popular”.