O investimento externo, o PCP, o BE e António Costa

«Errar é humano. Culpar os outros é política». Hubert Humphrey

Já sabíamos que a extrema-esquerda radical diaboliza e detesta  quase tudo o que é privado, nacional ou estrangeiro. 

Aliás, faz questão de o fazer sentir ruidosamente, sem qualquer calculismo, sem qualquer reserva ou exceção, sem qualquer cuidado nas palavras e nos ‘números’ políticos incendiários que profusamente ambos constroem.

Coligados com centrais sindicais, estão sempre disponíveis para tudo fazer, para ‘malhar’ no investimento privado e no investimento estrangeiro. Insistindo na ideia de que o Estado deve ser omnipresente na economia (e em demais setores da vida do país), com uma estrutura farta e burocrática. 

Com muitas empresas públicas e com muito emprego público. E se necessário for, usando a figura jurídica da nacionalização para que tal aconteça e se cumpra. 

O PS – tal como o PSD e o CDS – participou durante décadas na construção do Estado de direito democrático (que o PCP e o BE nunca defenderam e muito fizeram para não existir), e sempre procurou respeitar o investimento público e o investimento privado. E isto nos termos quer da ‘Constituição política’ quer da ‘Constituição económica’. E na observância estrita do principio da subordinação do poder económico ao poder político. 

Mesmo com diferenças e práticas opostas no que diz respeito aos limites do investimento público (e até do endividamento público), o PS e o PSD nunca condenaram o investimento privado (nacional) nem o investimento estrangeiro (de natureza privada e ou até semipública). 

Por tudo isto, tem sido uma grande surpresa o que o atual primeiro-ministro e o seu Governo têm feito e dito a despropósito sobre várias empresas privadas com posições de relevo económico e social em Portugal.

Desde a diabolização do investimento estrangeiro nas primeiras semanas do Governo da ‘geringonça’ contra decisões que tinham sido tomadas ao abrigo das leis em vigor (de concessão e ou de privatização). E isto para satisfazer a CGTP, o BE e o PCP. 

Mais recentemente, foram os ataques do primeiro-ministro, António Costa, à EDP, em debate parlamentar, e agora à PT e à Altice. Tudo isto acumulado deve-nos fazer pensar se não estamos a pagar um preço alto demais pelo parlamentarismo unilateral de conveniência. Com cedências que nada têm a ver com o interesse nacional, mas sim com demagogia política para agradar à extrema-esquerda caviar e à extrema-esquerda esbaforida pela falta da sua ‘droga’, que é a rua e o protesto. 

Até porque existe muita incoerência nisto tudo. E falta de memória. Como é o caso do súbito amor pela PT. 

Afinal, quem destruiu a PT? Foram essencialmente os socialistas. Não é preciso explicá-lo, pois não? Até neste particular justifica-se maior e melhor decoro institucional, governativo e partidário. E imparcialidade, num regime concorrencial que não pode ser distorcido por interferências políticas. Seja com a EDP, seja com a PT, a Altice ou outras empresas cotadas ou não em Bolsa. 

O país e os portugueses não têm de saber o que veste e calça o primeiro-ministro, o que come e bebe, e qual a operadora de telemóveis de que é cliente. O país precisa de um primeiro-ministro que governe e não que diga mal de empresas que criam valor, pagam contribuições diversas para o país e asseguram muitos postos de trabalho. 

Existem órgãos próprios para verificar o cumprimento da lei a vários títulos. É de desconfiar o que verdadeiramente está por detrás destes ataques. Por que razão empresas como estas são malquistas pelo Governo da ‘geringonça’? No caso da Altice, por ter comprado o que estava a morrer (a PT) devido a excessivas interferências políticas? E por ter apresentado uma proposta de compra da TVI de forma concorrencial e pública? Substituindo um grupo (estrangeiro) mais próximo ideologicamente de António Costa? 

Bem sabemos que muitas vezes a economia não encaixa na geopolítica e nas agendas ideológicas. Sobretudo quando muitas dessas agendas estão desconformes com a realidade económica, social e política. 

Usar o investimento privado, nacional e estrangeiro, para fazer politiquice, é um caminho gratuito e perigoso. Porque quem perde mais, neste caso, é Portugal e são os portugueses. 

Existem regras e comportamentos consuetudinários que aconselham um primeiro-ministro a não fazer o que António Costa tem feito, quer com a EDP quer com a Altice. Faz recordar a frase de Jorge Coelho, popularizada pelo Contra-Informação, dizendo «Quem se mete connosco, leva». 

Nos casos referidos, bem se poderá também dizer: «Quem não fizer como queremos, leva». Deixemos as instituições funcionar, desde os tribunais às autoridades de regulação e demais entidades administrativas independentes. Elas existem para isso. 
Outra coisa que faz sentido dizer a este propósito é que empresas como estas fazem falta a um país, como Portugal, com uma economia aberta, numa Europa e num mundo concorrencial onde a captação de investimento externo deve ser uma prioridade dos Governos. Sejam eles de esquerda ou não.

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