Comícios. Bloco vai a banhos de multidão em agosto

Catarina Martins acusou ontem o CDS de “insultar os mais pobres” por causa do rendimento de inserção

O Bloco de Esquerda vai aproveitar o mês em que habitualmente não acontece nada na política, este mês de agosto que hoje começa, para se lançar numa série de comícios com a presença da coordenadora nacional, Catarina Martins, primeiro, e depois com a eurodeputada Marisa Matias.

Num misto de banhos de mar e de multidões, os bloquistas pretendem garantir a sua presença política principalmente no Algarve, onde parte do país se encontra de férias. A digressão de comícios começa já hoje  em Quarteira, com Catarina Martins, acompanhada do deputado eleito pelo Algarve, João Vasconcelos, e alguns candidatos locais. Catarina Martins também estará na quarta-feira em Monte Gordo, rumando no domingo ao norte do país, para um comício em Valhelhas, no concelho da Guarda.

No Algarve, a coordenadora do Bloco passa o testemunho a Marisa Matias, que estará presente em comícios em Vila Nova de Milfontes (8), Olhão (9) e Portimão (10). Para depois também ela rumar mais para norte, participando num comício em Alijó.

Insulto aos pobres Catarina Martins reagiu ontem à notícia avançada pelo “Público” de que o CDS-PP pretende pedir a apreciação parlamentar do decreto- -lei do governo com as novas regras do rendimento social de inserção (RSI). Em declarações à imprensa, a líder bloquista referiu que as novas regras “tentam responder a necessidades efetivas e não a fantasias do CDS”.

“Que quem assinou de cruz milhões de euros para o BES tente fazer propaganda política insultando os mais pobres dos pobres é inqualificável. Nós precisamos de apoiar quem não tem ninguém e, depois, precisamos de um sistema que funcione. E se houver fraude, não é penalizando quem precisa que a combatemos. A fraude combate-se com assistentes sociais no terreno e o que o CDS fez foi despedir assistentes sociais quando estava no governo”, disse Catarina Martins. “É isso que é preciso voltar a reconstituir, pessoas no terreno”, acrescentou a dirigente do BE.

Sobre a existência ou não de fraude na obtenção do RSI, a coordenadora do BE sustentou que se trata de duas coisas distintas. Primeiro é preciso “apoiar quem não tem ninguém”; segundo, colocar mais assistentes sociais no terreno.
Segundo o Bloco, as alterações agora introduzidas foram estudadas no grupo de trabalho do governo com os socialistas e o BE sobre o combate à pobreza, mostrando-se disponível para introduzir mais alterações que possam melhorar o sistema.

“Não estamos disponíveis é para insultar quem menos tem ou para dizer aos mais pobres do nosso país que eles são permanentes suspeitos. Isso é um insulto a quem está na fragilidade que nós nunca aceitaremos”, afirmou.

BE afasta instabilidade Antes, no domingo, Catarina Martins havia afastado qualquer cenário de instabilidade e garantia que “enquanto no quadro parlamentar cumprirmos todos a nossa parte, e o BE cumpre, para que todos os dias tenhamos soluções para as pessoas e não criar novos problemas, digamos que a estabilidade parlamentar está também assegurada”.

A líder bloquista, que participou no acampamento de verão do BE “Liberdade 2017”, considerou ainda que “há estabilidade quando a política resolve problemas das pessoas em vez de criar problemas novos, e, durante quatro anos de maioria absoluta PSD/CDS-PP com a troika, vivemos com enorme instabilidade política porque as pessoas todos os dias tinham problemas novos”.

Apesar disso, Catarina Martins admitiu que “existem dificuldades” nas negociações para o orçamento para o próximo ano. “É preciso partir muita pedra para chegarmos às melhores soluções em caminhos que os partidos têm algumas divergências”, afirmou.