Verão é sinónimo de Volta a Portugal: é assim há 90 anos (79 edições), mesmo que o interesse do público tenha vindo a cair de forma diretamente proporcional aos escândalos de doping que têm beliscado a credibilidade da modalidade. Ainda assim, a prova-rainha do ciclismo nacional continua a ser procurada, embora mais uma vez não contemple uma das regiões do país onde tem mais pergaminhos: o Algarve, onde não passa desde 2008.
Pelo contrário, o Alentejo estará representado na segunda etapa, com os ciclistas a partir de Reguengos de Monsaraz até Castelo Branco, naquela que será a etapa mais longa da competição: 214,7 quilómetros. O regresso da região alentejana à Volta é mesmo considerado pelo diretor da prova, Joaquim Gomes, como «o ponto alto» desta edição.
A competição, que contará com quatro chegadas em altitude (Senhora da Graça, Santa Luzia, Senhora da Assunção e Guarda), começou na sexta-feira, com o prólogo de 5,4 quilómetros junto ao Rio Tejo, em Lisboa, no qual participaram 140 ciclistas de 18 equipas (seis portuguesas). O francês Kevin Lebreton, da Armée de Terre, foi o primeiro a fazer-se à estrada e Rui Vinhas, campeão em título depois da vitória em 2016 pela W52-FC Porto, arrancou em último, 17 minutos depois do principal favorito, o colega Gustavo Veloso – com quem protagonizou uma ‘luta’ épica na última temporada. Vinhas conquistou a camisola amarela depois de uma fuga na terceira etapa e não mais a largou, apesar do favoritismo de Veloso, então bicampeão em título. No fim, o espanhol mostrou alguma insatisfação, dizendo mesmo que «nem sempre o mais forte ganha»; agora, em declarações à Agência Lusa, garantiu ter sido «mal interpretado» e ter sucumbido à «pressão dos jornalistas», prometendo mais tranquilidade para a nova temporada e «muita união» na equipa portista: «Tanto eu como o Vinhas podíamos ter ido para outras equipas, talvez até com melhores condições. Se ficámos aqui é porque estamos à vontade. Não há mau ambiente.»
Luta a dois
Os candidatos à vitória final e à consagração no dia 15, no contrarrelógio em Viseu, porém, não se esgotam na W52-FC Porto. Há ainda a equipa mais antiga do pelotão internacional: o Tavira, que desde a época passada se associou ao Sporting. Apesar do duro revés que foi a perda do chefe-de-fila (Jóni Brandão, por lesão, não irá participar na prova), o projeto algarvio-leonino tem nomes de peso como Rinaldo Nocentini ou Alejandro Marque, que ganhou a prova em 2013, então em representação da OFM-Quinta da Lixa. Realce também para o regresso de Sérgio Paulinho, agora na EFAPEL depois de dez anos ao mais alto nível.