Listas lançaram distrital em tormenta interna

Semana turbulenta na distrital do PSD/Lisboa. Muitos nomes riscados dos lugares elegíveis nas listas. Divergências evidenciaram-se.

Em 2013, nas últimas autárquicas, seria inimaginável. José Eduardo Martins, o mais acérrimo crítico do Governo de Passos Coelho, lado a lado, a partilhar um boletim de voto com uma vice-presidente do PSD. 

A verdade é que em 2017, quatro anos depois, aconteceu mesmo. Martins vai a número 1 à Assembleia Municipal de Lisboa, Teresa Leal Coelho vai a número 1 à Câmara da capital. 

Na apresentação da candidatura de ambos, Martins até elogiou Passos, sentado na primeira fila. «Obrigado, Pedro», ouviu-se, sendo que ambos se conhecem desde os tempos da ‘jota’.

A harmonia, todavia, não era total. E embora as listas tenham sido votadas por unanimidade na noite da passada quinta-feira, a distrital de Lisboa, o candidato à Assembleia Municipal e a candidata à Câmara tiveram uma semana atribulada no que diz respeito aos nomes que os acompanharão. 

A corrida começou segunda-feira. Noticiou-se que António Prôa  e Alexandra Barreiras Duarte não entravam nas contas de Teresa Leal Coelho para a vereação. Prôa tem um percurso antigo na autarquia local e Barreiras Duarte substituia Leal Coelho na maioria das reuniões a que a candidata faltou enquanto vereadora, além de ser próxima de uma fação hoje distante da sede nacional. Nem um nem outro estão nas listas para a vereação e isso causou incómodo. Prôa regressa à Assembleia Municipal, onde já esteve, na quarta posição, logo, bem elegível. Barreiras Duarte não surge de todo. 
A luta seguiu para os lugares de quem vai. E foi aí que surgiu a maior brecha. Se para a Assembleia Municipal, Leal Coelho havia somente indicado o nome de Vírgínia Estorninho, uma veterana dos ‘laranjas’, a distrital de Pedro Pinto torceu o nariz a várias sugestões de José Eduardo Martins para o órgão que este é candidato a presidir. 

Mauro Xavier, que se demitiu de presidente da concelhia do PSD/Lisboa este ano dizendo que não voltaria «a votar Passos», foi um deles. Carlos Reis, ex-presidente da JSD/Amadora,  e crítico de longa-data de Passos Coelho, outro. «Convidaram-no para fazer o programa e não o aproveitam. Convidaram-no para a assembleia municipal e não lhe deram a lista que queria. Só mesmo por respeito ao partido ou, como se diz no futebol, amor à camisola é que deve ter ficado», ironiza  fonte próxima do processo. A número 2 acabou por ficar Carlos Barbosa, independente e presidente do Automóvel Clube de Portugal. 

Na vereação, o equilíbrio foi mais feliz. Para a segunda posição, vai mesmo um homem próximo de José Eduardo Martins: o professor universitário e seu ex-adjunto João Pedro Costa, que também esteve na equipa que coordenou o programa autárquico lisboeta. 

A lista dos restantes candidatos à vereação é composta por nomes como Sofia Vala Rocha e Margarida Saavedra, atualmente deputadas municipais, e Rogério Joia, que é presidente da Autoridade Antidopagem de Portugal e já foi autarca na junta de freguesia de São Vicente de Fora.  

Os nomes foram aprovados pela distrital, enviados à secretaria-geral do partido e serão entregues no Tribunal Constitucional no início desta semana. Até lá, a última dúvida reserva-se apenas à deputada municipal que vai primeiro: ou Saavedra ou Vala Rocha.