As forças de segurança quenianas mobilizavam-se esta segunda-feira um pouco por todo país, preparando-se para as apertadas, fraturantes e possivelmente violentas eleições de terça-feira.
Estima-se que à volta de 180 mil agentes e militares respondam ao culminar de um período eleitoral violento, em que ocorreram centenas de episódios de violência entre apoiantes do presidente Uhuru Kenyatta e o veterano Raila Odinga.
Odinga concorre pela quarta e aparentemente última vez a presidente e que, por isso mesmo, pode incitar os seguidos à violência caso saia derrotado. Em todo o caso, espera-se confrontos independentemente do vencedor.
O caminho para as eleições de terça já está ensanguentado. No fim de semana, um homem morreu em confrontos numa das zonas mais pobres de Nairobi, quando combateram dois grupos de homens armados com machetes e armas de fogo.
Há pouco mais de uma semana, o co-criador e responsável pelo sistema eletrónico de votação apareceu morto nos arredores da capital queniana.
O seu cadáver apresentava marcas de tortura e ao lado do corpo de uma mulher. O homicídio levantou suspeitas sobre a possibilidade de fraude nas eleições, tanto mais que uma avaria suspeita nas máquinas de votação não seria inédita e repetiria o que aconteceu em 2013.
Na altura, os boletins foram contados manualmente e, apesar de um processo em tribunal, Odinga saiu outra vez derrotado.
E na sexta-feira, adensando o clima de desconfiança, dois observadores internacionais empregados pela oposição foram expulsos do país nos últimos dias e na sexta-feira foram atacados os gabinetes onde apoiantes de Odinga vão fazer a contagem paralela de votos. Vários computadores foram roubados.
O frente a frente de Kenyatta e Odinga aproxima-se ao desfecho de uma rixa dinástica que mobiliza tensões étnicas habitualmente escondidas na sociedade queniana. Kenyatta é filho do primeiro presidente do Quénia e Odinga é o filho do então seu vice-presidente, que mais tarde se tornou rival e comandou o principal partido de oposição durante vários anos.
As eleições de terça têm um ar de confronto derradeiro entre os dois movimentos e relembram a espiral de violência de 2007, ano em que Odinga perdeu as suas primeiras eleições e convocou protestos de rua. Ao fim de semanas de confrontos, contavam-se mais de 1200 mortos. “Não permitam que criem divisões entre vocês”, pedia esta segunda o presidente Kenyatta.