Os bancos estão a emprestar mais dinheiro aos portugueses. Em junho, os empréstimos chegaram aos 1,2 mil milhões de euros, um valor que é o mais elevado desde março de 2012 e representa um aumento de 19% por comparação com junho de 2016, e destinaram-se a todos os tipos de financiamento, em especial à compra de habitação.
De acordo com dados do Banco de Portugal revelados ontem, o mês de junho marcou mais um máximo no que respeita à concessão de crédito para a compra de casa. Os bancos em Portugal concederam 754 milhões de euros em novos empréstimos com esta finalidade.
Com este montante, sobe para 3,8 mil milhões de euros o total da concessão de crédito à habitação nos primeiros seis meses do ano, um crescimento de 42% face ao verificado no mesmo período do ano passado. No primeiro semestre, os bancos emprestaram 20 milhões de euros por dia para a aquisição de habitação.
Os 3,8 mil milhões de euros são o montante mais elevado desde o primeiro semestre de 2010, período em que houve empréstimos de 5,1 mil milhões de euros, um valor ainda assim inferior ao de antes da crise financeira. Entre 2003 e 2008, os bancos a operar em Portugal emprestavam mais de 1000 milhões de euros por mês para a compra de casa.
Depois de 2008, a banca cortou os créditos, uma vez que o mercado de financiamento se fechou para os próprios bancos, o que originou uma subida dos juros e uma maior restrição na concessão de crédito.
Mas o acesso dos bancos ao financiamento tem vindo a recuperar e, de acordo com o BdP, em julho, os bancos pediram mais 304 milhões ao Banco Central Europeu (BCE) do que no mês anterior.
A banca a operar em Portugal tinha, em julho, 23,488 milhões de euros em empréstimos junto do BCE, um valor que corresponde a um aumento de 1,31% face a junho e um acréscimo de 1,21% em comparação com o mesmo mês de 2016.
Ainda assim, este é o valor mais baixo desde o final do primeiro semestre de 2009, altura em que se cifrava em 10,5 mil milhões de euros. Foi nesse ano que começou a dependência da banca a operar em Portugal, que atingiu o pico em junho de 2012 (60,5 mil milhões de euros).
Juros em mínimos O aumento da concessão de crédito à habitação reflete uma melhoria das condições de acesso, nomeadamente os mínimos históricos dos indexantes das taxas de juro e a constante revisão em baixa da margem mínima que os bancos cobram para ceder empréstimos (spreads).
Os juros baixos são também um dos motivos pelos quais há uma maior procura e cedência de crédito às famílias para todas as finalidades.
“Em junho de 2017, a taxa de juro média dos novos empréstimos concedidos a sociedades não financeiras foi de 2,60%, o que representa uma redução de 14 pontos-base face a maio, constituindo um novo mínimo histórico”, lê-se num comunicado do BdP revelado ontem.
Nos primeiros seis meses deste ano, os bancos disponibilizaram um total de 1,99 mil milhões de euros em empréstimos ao consumo. É o valor mais elevado desde 2008, mas ainda assim com um ritmo de crescimento menos acelerado do que no caso do crédito à habitação. Para aquela finalidade, o crédito concedido aos particulares cresceu 8,7%. Já o crédito às famílias com outros fins – educação, energia e saúde – subiu 192 milhões de euros em junho (mais 15,6% do que em junho de 2016) para um total de 992 milhões de euros na primeira metade do ano, 3,6% acima do mesmo período do ano passado.
Empresas Na totalidade, nos primeiros seis meses do ano, os bancos a operar em Portugal concederam 6, 8 mil milhões de euros às famílias, o montante mais alto desde o mesmo período de 2011. Mas não são só as famílias que têm tido mais crédito. No final de junho foram concedidos 2,7 mil milhões de euros em financiamento às empresas, mais 4% do que há um ano.
Mas quando se olha para o primeiro semestre do ano – 154 mil milhões de euros de crédito concedido – verifica-se uma quebra de 6,5% por comparação com o mesmo período de 2016. A diminuição é transversal às PME e às grandes empresas.
Nos primeiros seis meses do ano, o crédito total – a particulares e a empresas – ascendeu a 22,6 mil milhões de euros.