Arrendamento: preços mais altos empurram pessoas para a periferia

Dados mostram que a maior procura de arrendamento se verifica no centro das principais cidades, de forma acentuada onde há universidades

Os atuais preços praticados no mercado de arrendamento são insustentáveis para a maioria dos portugueses e a oferta de-sajustada da procura tem arrastado as pessoas para as periferias. De acordo com os últimos dados da Century 21 Portugal, os primeiros seis meses do ano mostram que, durante este período, o valor médio de arrendamento, a nível nacional, se fixou nos 680 euros, o que revela um aumento de 10% face à média de 620 euros registada no mesmo período do ano anterior. “A atual oferta do mercado de arrendamento não é suficiente, nem adequada, para dar resposta aos níveis de procura dos consumidores portugueses, o que provoca um aumento sistémico do valor médio do arrendamento”, explica a análise feita ao setor imobiliário nacional. 

Há muitos exemplos que provam esta tendência. Por exemplo, um T2 em Lisboa, que se arrendava normalmente por 700 euros ao mês, pode chegar agora facilmente aos 1300 euros. 

Os dados mostram ainda que a maior procura de arrendamento se verifica no centro das principais cidades do país, e de forma mais acentuada nas que possuem polos universitários. Até porque o arrendamento a universitários é fácil, rentável e tem uma procura histórica.

Os mais penalizados com a inflação de preços são os mais jovens. Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), explica que, “se considerarmos o valor médio de oferta em Lisboa ou no Porto, chegamos rapidamente à conclusão de que a maior parte dos jovens portugueses não têm, de todo, condições para suportar rendas daquela dimensão, sendo habitual juntarem-se em apartamentos, arrendando quartos. No entanto, esta é uma situação que, por vezes, sai da esfera dos jovens para se estender a pessoas adultas, e por vezes, em situações mais complexas, até a famílias”.

Já no caso da compra de imóveis, a maior procura regista-se por parte das famílias portuguesas de classe média e incide, principalmente, em imóveis dos segmentos médio e médio baixo, tendo em conta a real capacidade financeira: “Esta evidência fundamenta o decréscimo dos valores médios dos imóveis vendidos.”

Perfil do comprador No primeiro semestre de 2017, os portugueses que mais compraram casa estavam na faixa etária entre os 36 e os 45 anos. O agregado familiar mais frequente é de duas pessoas, seguido por famílias de três pessoas.
Já no que respeita ao perfil do comprador internacional, pode dizer-se que se caracteriza por indivíduos entre 40 e 65 anos. São maioritariamente famílias com duas a três pessoas e o nível de escolaridade mais frequente é a licenciatura. Em termos de situação profissional, a maioria dos clientes estrangeiros tem contrato efetivo de trabalho.

Turismo requer estratégia Ainda que todos concordem com o facto de a evolução do setor do turismo ser positiva para o desenvolvimento da economia portuguesa, quer a nível local, quer a nível nacional, um dos maiores desafios do setor é conseguir definir uma estratégia com o objetivo de promover as diferentes regiões nacionais e garantir a continuidade da descentralização da procura internacional. 

De acordo com a análise feita, este aspeto é essencial para retirar a pressão dos preços de habitação dos destinos mais populares, que se tornam os principais polos de atração de residentes sazonais que adquirem imóveis em Portugal, bem como para potenciar o desenvolvimento de outras regiões de turismo.