A discussão em torno da reforma florestal continua. Para Capoulas Santos, ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, um dos pontos a lamentar é o facto de haver críticas feitas por quem em nada contribuiu.
“Todos os que estiveram distraídos durante um ano, todos os que passaram, depois de Pedrógão, a comentar a floresta todos os dias foram incapazes de dedicar 60 segundos à discussão do tema quando ele esteve em discussão pública. Foram nessa altura incapazes de avançar com qualquer crítica, qualquer sugestão. Ocorreu a tragédia e de todos os lados surgiram entendidos sobre a matéria e, ainda por cima, acusando o governo de não ter trabalhado sobre o assunto, quando esse trabalho estava em marcha e era visível, estava até publicado no Diário da República”, afirmou em entrevista.
Elemento da discórdia
O eucalipto tem sido um dos principais focos de polémica na discussão da “reforma da floresta”. A indústria não quis baixar os braços e atacou as mudanças que foram sendo anunciadas. Já o governo bateu o pé com o argumento de resposta às críticas feitas. O executivo de António Costa começou, desde cedo, a sustentar o travão no crescimento do eucalipto em Portugal com um diploma, com data de março de 2015 e assinado por Passos Coelho, que determina o congelamento até 2030 dos 812 hectares de povoamentos com eucalipto.
Na raiz do problema está o facto de a indústria consumir, em Portugal, 8,5 milhões de metros cúbicos de madeira de eucalipto por ano, sendo necessário importar devido à insuficiência da floresta nacional – argumentos antigos que levaram a um novo problema: o setor quer aumentar a produção, mas nem todos concordam que seja este o futuro da floresta nacional.
A Altri chegou mesmo a ameaçar travar os investimentos se Portugal demonizasse o eucalipto e António Costa apressou–se a responder com uma linha de financiamento para subir a produtividade na floresta desta espécie. Paulo Fernandes aproveitou a assinatura de contratos no valor de 125 milhões de euros na Celbi e Celtejo para avisar o governo. “A simples proibição do plantio de determinada espécie de árvore, neste caso o eucalipto, preferindo que aí floresça mato, é a todos os títulos pouco recomendável”, atirou o empresário. Já a Navigator Company ameaçou desviar avultados investimentos para outras regiões e já avisou que tem outros países na mira.
Seja como for, o eucalipto é, sem sombra para grandes dúvidas, a espécie mais plantada em Portugal. No final de 2015, os números confirmavam que a aposta nesta árvores tem vindo a aumentar continuamente nos últimos anos: o eucalipto é a espécie que mais área ocupa em toda a floresta portuguesa e o aumento da produção justifica–se muito com o rendimento económico a curto prazo.