Foi a própria cantora que o anunciou na sua página oficial do Facebook: Ágata vai participar nas eleições autárquicas como candidata a vice-presidente da Câmara de Castanheira de Pera, um dos municípios atingidos pelo trágico incêndio de 17 de junho. Sem quaisquer ligações políticas, diz que nunca ouviu discursos de Assunção Cristas, apesar de a achar uma “mulher simpática”, mas está disposta a aprender e a exercer o cargo se for eleita. A lista na qual figura é liderada por Miguel Barjona, que em 2013 conseguiu conquistar um mandato (aquele que tirou a maioria absoluta ao PS, que lidera a câmara desde 1993). É apoiada também pelo MPT.
Esta é a sua primeira experiência na política?
(Risos) É, é.
Foi um convite que lhe foi dirigido pelo CDS-PP?
Foi um convite de alguns amigos da localidade.
E o que a liga a Castanheira de Pera?
As pessoas. O local em si, pela sua beleza natural. E porque já há algum tempo andava a preparar-me para adquirir lá um pequeno espaço para fazer uma casa de férias, aquelas de madeira. Como vendi a minha casa na Ericeira, procurava agora o interior e não o litoral, com acessos mais rápidos, para estar noutro tipo de ambiente. Entretanto surgiu a hipótese de conhecer a localidade, até por causa da Praia das Rocas, que é um local bastante agradável para as crianças, e como gosto de estar com a minha família fui atraída por uma amiga do Facebook até lá. Embora eu já conhecesse o espaço, porque os familiares do meu ex-marido são ali de Pedrógão.
E o convite?
Aconteceu ser convidada para madrinha da Partagence, uma organização humanitária que, depois de catástrofes naturais, se disponibiliza para ajudar as famílias. Essa organização francesa veio para cá com contentores, estão prestes a ajudar todas as famílias que ficaram de mãos vazias, com todos os materiais para as suas casas, e eu vou estar também com essas pessoas para dar apoio nesta iniciativa que me agrada bastante. Entretanto surgiu esta oportunidade. Não sou ligada a cores e a bandeiras e a partidos, não sou. Se me tivessem feito um convite de outra lista, teria aceitado. Não sei como funciona, sou uma pessoa simples, só estou à espera de ver como funciona para dar o meu melhor. E de lidar com pessoas honestas, é o que eu espero. Caso contrário, venho-me embora.
Quem a convidou foi alguém do CDS?
Não foi o CDS. Primeiramente foi um amigo meu que se candidatou à junta de freguesia. Depois falou-se com o irmão do presidente que fez parte durante 12 anos lá do concelho. Entretanto surgiu esta oportunidade, claro que não estava à espera. A minha política é a música, é a paz, o bem-estar. Se é para fazer alguma coisa em relação àquela localidade, acho que sou uma figura pública, mediática, que poderá dar alguma ênfase ao lugar. É como em Chaves: Chaves nunca foi tão falada como desde que eu vim para cá viver. Essa é que é a realidade. Não sou licenciada em nada, sou uma pessoa bastante simples, falo a linguagem do povo, simples e aberta, e sou muito genuína e não estou à procura de nenhum tacho.
Já sabe como vai participar na campanha?
Não sei nada, nem sei como funciona. Tenho uma viagem a fazer aos Estados Unidos, tenho concertos para dar, já na próxima semana devo ir-me embora e só venho na primeira semana de setembro. Vou tentar perceber, entre as pessoas que me convidaram, quais são as necessidades, e vou tentar perceber como funciona uma câmara.
Está disposta a exercer o seu cargo se a sua lista for eleita?
Com certeza, o melhor que puder, e tentando perceber o outro lado, porque eu faço parte de um povo, não faço parte do mundo político. Sou mais pelas pessoas que necessitam de ajuda e de serem ouvidas do que propriamente pelos ricos, que não precisam de nada.
Não acha que ao candidatar-se numa lista apoiada pelo CDS-PP está mais ao lado dos ricos?
Se eles são os ricos, que apoiem os pobres! Querem ser conhecidos por olharem para o bolso deles? Não pode ser. Têm de dar a mão a quem precisa. Não são os pobres que ajudam os pobres, mas os ricos que ajudam quem precisa. Eu penso assim. No entanto, sou uma leiga.
E já conhece a líder do CDS-PP, Assunção Cristas?
Cruzei-me com ela, achei uma mulher simpática. Mas, se quer que lhe diga, não sigo a carreira dela como política nem ouço os seus discursos. Para mim, a política é zero, não existe. Pode vir a fazer parte do meu dia-a- -dia porque eu preciso de entender como funciona – depois de lá estar, é diferente. Até agora, não vivo da política.
Se a sua lista ganhar, isso não poderá afetar a sua carreira musical?
Como?
O facto de ter de cumprir o seu papel na autarquia e isso implicar estar lá e ter trabalho a fazer.
De certeza que não vou precisar de estar lá 24 horas sobre 24 horas. Eu também não canto todos os dias, canto no fim de semana, e também tenho a minha vida em Chaves. Mas de Chaves a Castanheira também não demora muito. Para quem faz viagens semanalmente Chaves-Lisboa, Lisboa-Chaves, não é difícil.
E gostava que uma canção sua fosse o jingle da campanha?
(Risos) Não tenho nada que se adapte a isso. Só se for o “Tá Bonito”. (risos).
Acha que o “Tá Bonito” poderia funcionar?
Não faço ideia, isso foi uma laracha. (risos) Sinceramente, aceitei porque quero mostrar o que sei. Sou loura, mas não sou burra.