Estudante de Direito – estava no quinto ano na Universidade Piaget quando foi preso -, jornalista de carreira interrompida, Sedrick de Carvalho é um dos presos políticos angolanos do processo que ficou conhecido como dos 15+2. Nesta entrevista conta tudo aquilo que passou na prisão e fala da decisão de fazer uma greve de fome sem beber, nem comer, pensando no suicídio como protesto radical contra as condições da sua detenção. Esclarece as razões para ter deixado Angola e ataca os partidos da oposição por não terem boicotado as eleições que, garante, estão feitas para o partido no poder, o MPLA, ganhar.
Por que está em Portugal?
Neste momento estou a tentar uma bolsa de estudo para dar sequência aos estudos em Direito que foram interrompidos aquando da cadeia. Quando saí houve muitos desentendimentos de vária ordem para retornar e, por isso, estou cá a tentar uma bolsa.
Para qual universidade?
Vou tentar uma pública, mas ainda não há nada palpável.
E optou por Lisboa porquê?
Era necessário, porque em Angola havia poucas possibilidades de dar continuidade. Fiz alguns contactos, há muitas probabilidades de conseguir aqui, visto que estava a concluir o curso. Há muitas semelhanças entre o sistema jurídico angolano e português e há, também, a facilidade da língua.
Por que não quis ficar em Angola e continuar, por assim dizer, a luta?
A luta continua, mas só a vitória é que não é certa, não é? Depois de sair da cadeia nenhum de nós estava estável economicamente e as possibilidades foram piorando. Aparentemente está tudo bem depois da nossa libertação, mas não, passamos por várias dificuldades. Inclusive há pessoas ainda a responderem a processos.
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