Como país moderno que é, Portugal dispõe de um sistema de segurança social. Para esse sistema, os que têm a boa fortuna de estarem empregados, mais as suas entidades empregadoras (que podem ser os próprios) descontam, mensalmente, uma parte importante do vencimento. Parte do dinheiro assim descontado destina-se a pagar as reformas e pensões daqueles que chegaram ao fim da sua vida ativa, enquanto a outra parte destina-se a aparar na doença os que adoeceram. E aí, a ineficácia da segurança social portuguesa é total.
Se, em caso de doença ou de acidente, está a receber uma prestação mensal da segurança social (vulgo, está “de baixa”) nunca saberá em que dia do mês receberá a sua pensão. Pode ser no dia em que está estabelecido, ou ter um dia de atraso, ou dois, ou um mês. Se tiver reservas pecuniárias que lhe permitam sobreviver nesta situação, apesar de tudo, tem uma escapatória. Mas, no caso de não ter reservas e de não puder contar com a ajuda de ninguém, passa fome.
Esta é a realidade do Portugal de sucesso de 2017. Existirão com certeza nas instalações do Ministério da Solidariedade e Segurança Social, umas máquinas chamadas de computadores, os quais, entre múltiplas funções, permitirão pagar as pensões sempre no mesmo dia do mês, a tempo e horas. E, a julgar pelo que acontece em numerosas empresas, essa não deve ser uma tarefa extraordinariamente difícil. Mas, na segurança social portuguesa, e nos casos dos trabalhadores que estão de baixa, os atrasos são recorrentes, e muitas vezes irrecuperáveis. Seria de facto ótimo que não existissem atrasos. Para também não haverem pessoas a passarem fome, e que “solidariedade e segurança social” não sejam palavras vazias para os mais necessitados.