Mais detalhadamente, a procura interna continua a subir, o consumo privado caiu ligeiramente (0,2% em relação ao primeiro trimestre), o consumo público desceu devido a alterações no seu método de cálculo (portanto, sem uma base comparável, ficamos sem saber se está a aumentar ou a diminuir), o investimento mantém-se em aceleração (impressionante a subida anual de 33% em equipamento de transporte), e a procura externa continua a subir, quando inicialmente se pensava que tinha descido.
Contudo, fazendo a comparação em cadeia – isto é, comparando dois trimestres seguidos, neste caso o segundo deste ano com o primeiro – a evolução da economia já não parece tão cor de rosa. A evolução do PIB em cadeia, que tinha subido 1% no primeiro trimestre, abrandou para um ganho de 0,3%. E, pior do que isso, as exportações diminuíram 0,4%.
Já todos sabemos que o modelo de crescimento que se baseia na aceleração da procura interna e não das exportações está condenado ao desastre. Este foi só um trimestre, pelo que não se podem tirar grandes conclusões. Mas convirá ver se, nos próximos trimestres, as exportações continuam a descer ou voltam a subir. E, se continuarem a descer, isso significa que estamos a perder competitividade, o que implicará tomar algumas medidas menos populares, como uma subida mais lenta dos salários, mesmo que o PS tenha de desagradar aos seus companheiros de geringonça.
Aliás, preparando-se para o ano um desagravamento fiscal, eu não percebo porque é que os salários têm de subir, exceto os das pessoas que ganham tão pouco que não pagam impostos. Congelar a generalidade dos salários em 2018, ou aumentá-los num valor fixo para todos, compensando essa medida com o desagravamento fiscal, podia ser uma medida para ajudar a nossa competitividade, dinamizando as exportações. Evidentemente, teria custos políticos, que eu não sei se o PS estaria disposto a pagar, embora suspeite que não. De qualquer maneira, fica aqui a sugestão.