O furacão Irma semeou destruição e morte nas mais pequenas ilhas das Caraíbas ao longo desta quinta-feira mas parecia prestes a evitar os vitais territórios da República Dominicana, Haiti e Cuba, diminuindo os receios de que um dos mais poderosos furacões de que há registo no Atlântico provoque centenas de vítimas antes de atingir a Florida. Apesar disto, à noite contavam-se dez mortos e centenas de edifícios destruídos em ilhas como Barbados, Antígua e, naquele que era o caso mais preocupante, St. Martin, onde mais de nove em cada dez edifícios ficaram destruídos.
“Noventa e cinco por cento da ilha está destruída”, dizia esta quinta-feira um responsável de St. Martin. As fotografias que começavam a circular ao começo da noite atestavam-no: carros empilhados, amolgados ou parcialmente submergidos em água ou fossos nas estradas; ruas inteiras transformadas em caudais de rio; árvores desenraizadas, palmeiras sem copa; barcos tombados uns sobre os outros, em alguns casos voltados.
O governo francês anunciou que quatro pessoas morreram – reduzindo uma estimativa anterior de oito. “A destruição é maciça”, anunciou esta quinta-feira o ministro francês do Interior, Gérard Collomb. “Por acaso, o aeroporto do norte, francês, não foi severamente danificado, por isso podemos aterrar helicópteros e, depois, aviões.”
Espera-se que o número de mortos aumente ao longo dos próximos dias, à medida que se contactem zonas esconsas. Barbados, por exemplo, como dizia esta quinta o seu primeiro-ministro, “está praticamente impossível de habitar”. Metade da população – de quase 300 mil pessoas – pode estar desalojada.
Por volta das 22h em Portucal Continental, o furacão Irma perdera um pouco da sua intensidade e os seus ventos rondavam os 280 quilómetros por hora. Aproximava-se das ilhas Turcas e Caicos e estava prestes a atingi-las em cheio. Vivem lá cerca de 30 mil pessoas.
Foge-se na Florida
As previsões têm alguma margem de erro e o facto de o furacão Irma passar ao largo de territórios montanhosos e habitações frágeis como o Haiti não significa que as populações estão a salvo. Mas esta quinta-feira celebrava-se em Porto Rico, onde 70% da ilha estava sem eletricidade, mas também onde a tempestade e queda de chuva foi menor do que o esperado e praticamente metade dos hospitais recebiam pacientes. “Gostaríamos de agradecer ao Todo Poderoso”, disse o governador, Ricardo Rosselló. “As nossas preces foram ouvidas.”
À medida que nas ilhas rasas e suscetíveis se tenta perceber o estrago causado pelo Irma, na Florida a população sai da cidade e protege a habitações com diques improvisados e tábuas – as áreas de evacuação obrigatória foram esta quinta-feira aumentadas e já não se resumem só à zona da costa.
O governador Rick Scott anunciou que vai mobilizar sete mil soldados da Guarda Nacional e disse que o furacão Irma, que deve embater em cheio no território, pode ser mais destruidor que o Andrew, que em 1992 matou 62 pessoas e causou estragos no valor de 47 mil milhões de dólares.