A infância não teve outro intérprete tão fiel ou genial no século XX. E há 64 anos que a morte de Antoine de St Exupéry permanecia um mistério. Desaparecido na sequência de um voo de reconhecimento, a 31 de agosto de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, corpo nunca chegou a ser encontrado, e naturalmente deixou no coração dos seus admiradores uma incerteza e esperança que levou décadas a desvanecer-se.
Mas não será preciso esperar muito mais para saber como desapareceu o homem que escreveu um dos livros mais celebrados de sempre: "O Principezinho". No fim do ano, será publicado um livro que compila fotografias e apresenta provas inéditas sobre a morte do autor e aviador francês.
Se a vida é tantas vezes desgraçadamente irónica, este é um desses casos, pois o piloto que diz ter abatido o avião de St Exupéry confessa que desejou mil vezes não o ter matado, já que era um admirador. "Na nossa juventude, todos lemos e adorávamos os seus livros. A sua obra despertou a vocação de voar em muitos de nós. Se soubesse quem era, jamais teria disparado". Filmado pelos autores do livro que chega às livrarias francesas no fim do ano, Horst Rippert (que viria a morrer em 2013, com 88 anos), piloto alemão da Luftwaffe durante a II Guerra, viveu este conflito no seu íntimo ao longo de 64 anos, e quis ser enterrado antes que ele fosse revelado. Contudo, acabou por ser convencido a fazê-lo antes.
Em 2008, cinco anos antes da sua morte, Rippert permitiu que fosse tornado público parte do seu depoimentos sobre aquilo que fez e como viveu com isso. Agora, esse testemunho é um dos actrativos deste livro, que conta ainda com fotografias inéditas, e uma série de outras informações novas sobre o autor de "O Principezinho", um dos livros mais populares em todo o mundo.
O título ainda não foi revelado, mas o livro resulta da investigação de quatro autores: Luc Vanrell, o explorador subaquático que descobriu o avião de St Exupéry no fundo do mar, perto de Marselha, em 2004, a 83 metros de profundidade; Lino von Gartzen, um Alemão que fundou a Associação de Busca de Aviões Perdidos durante a Guerra; Bruno Faurite, piloto e investigador aeronáutico; e François d' Agay, sobrinho e afilhado do escritor.