O furacão Irma continuava hoje a assolar o estado da Flórida à medida que se movia para norte em direção à Geórgia, perdendo força à medida que avançava pelo território dos Estados Unidos e transformando-se em tempestade tropical, segundo o Centro Nacional de Furacões norte-americano.
Os alertas das autoridades para os cidadãos não voltarem às suas casas continuavam apesar das melhorias climatéricas. “Temos de ter a certeza de que as pessoas entendem que ainda é perigoso”, disse Rick Scott, governador da Flórida, numa entrevista televisiva na manhã de ontem. De acordo com as autoridades do estado, a passagem do Irma deixou mais de seis milhões de pessoas sem energia e calcula-se que mais de 160 mil pessoas se encontrem em abrigos à espera da bonança para poderem regressar a casa ou avaliarem os estragos nas suas casas.
Um terço da população do estado, cerca de seis milhões de pessoas, tiveram de deixar as suas áreas de residência e deslocarem-se para fora das zonas atingidas pelo furacão. Quer seja porque o furacão não teve a intensidade destruidora que se previra, quer porque as autoridades foram convincentes no seu plano de evacuação das zonas mais em risco, apenas se lamentaram quatro mortes em toda a Flórida, todas devido a acidentes de viação provocados pelo vento e chuva fortes.
As condições climatéricas adversas também levaram ao cancelamento de cerca de 12 mil voos, de e para os aeroportos da Flórida.
Com o pior do furacão já passado, as autoridades e as populações deslocadas do estado começam a ter os primeiros vislumbres da devastação. “As tempestades são de uma severidade catastrófica”, foi assim que o presidente dos EUA, Donald Trump, caracterizou os recorrentes fenómenos naturais das últimas semanas. O chefe de Estado anunciou que “o governo federal está a reunir todos os seus recursos para ajudar” a população necessitada.
A cidade de Jacksonville encontra-se totalmente inundada, o que levou o mayor Charlie Latham a dizer “nunca ter visto nada assim”. Segundo o Serviço National de Meteorologia norte-americano, as cheias bateram o recorde histórico do furacão Dora, em 1964.
Em Tampa, o mayor Bob Buckhorn, tornado famoso pela sua frase de que o Irma iria dar “um murro na cara” da cidade, já veio, de forma aliviada, juntar outra frase aos comentários do Irma: “Ao primeiro relance é que não só nos esquivámos a uma bala, como sobrevivemos muito bem. Não há muitas inundações. É gerível”, disse.
Miami Beach parece ter tido semelhante sorte. Philip Levine, mayor da cidade, disse que “Miami Beach não se esquivou de uma bala, mas sim de um canhão”. Todos os responsáveis pelas cidades afetadas concordaram que a devastação poderia ter sido muito pior.
O governador da Geórgia, Nathan Deal, declarou o estado de emergência para todos 159 condados. Talvez pelo que viu ontem, em Charleston, na Carolina do Sul, quando o Irma, já reduzido a tempestade tropical, deixou, mesmo assim, inundações à sua passagem.