As mais recentes declarações de Jean-Claude Juncker podem ter oferecido uma boa dose de otimismo àqueles que, na Catalunha e fora dela, apoiam a causa secessionista da região autónoma espanhola. Numa entrevista realizada esta quinta-feira, onde respondeu às perguntas colocadas pelo público através da internet, o presidente da Comissão Europeia afirmou que “se houver um voto favorável à independência catalã”, Bruxelas “respeitará essa opinião”.
A posição assumida pelo luxemburguês esclareça-se, surge enquadrada num cenário hipotético de posicionamento de uma Catalunha independente no quadro da UE. Ainda assim, e apesar de a mesma ter sido exteriorizada poucos segundos depois de o próprio ter afirmado que “a Comissão sempre defendeu que há que seguir as regras do Tribunal Constitucional e do Parlamento espanhóis”, esta foi a primeira vez que um dirigente de topo da União versou sobre tal contexto. O diário “La Vanguardia” fez mesmo questão de destacar uma “declaração que vem alterar todo o argumentário de Bruxelas sobre a questão catalã”.
Juncker lembrou que uma Catalunha independente “não será um Estado-membro da UE no dia a seguir à votação” , uma vez que, nesse cenário, terá de “seguir os mesmos procedimentos de todos os Estados que ingressaram [na União] desde 2004. “As mesmas regras aplicar-se-iam se o norte do Luxemburgo se separasse do sul”, alvitrou o presidente da Comissão.
A aprovação da Lei da Fundação da República e da Transitoriedade, aprovada na passada semana pelo parlamento catalão, foi suspensa pelo Tribunal Constitucional, e o referendo independentista marcado pela Generalitat da Catalunha para o próximo dia 1 de outubro, está a ser (novamente) tratado pelo governo de Mariano Rajoy como um ato de desobediência. Carles Puigdemont, presidente da Generalitat, garante, no entanto, que a consulta vai mesmo acontecer e que já não há como reprimir o desejo secessionista catalão.