1.Uma passagem de testemunho. Na passada quinta-feira dia 14 tomou posse uma nova equipa reitoral na Universidade Nova de Lisboa liderada pelo Professor João Sáàgua. Chegou assim ao fim um mandato de cerca de 10 anos do Professor António Rendas como Reitor. O Professor Rendas presidiu a um período de grande consolidação e afirmação da NOVA. A testemunhá-lo está, por exemplo, o gratificante destaque nos rankings da universidades com menos de 50 anos. Conseguiu fazê-lo nas condições difíceis de um novo regime jurídico, dos cortes de financiamento inerentes à consolidação orçamental e da criação do mega concorrente que é a Universidade de Lisboa. Finalmente, alcançou aquela verdadeira cereja no topo de bolo que foi a passagem da NOVA a fundação. Enquanto Diretor da NOVA SBE, trabalhei de perto com ele durante cerca de oito anos. O Professor Rendas foi para mim um Reitor amigo e franco e revelou uma qualidade ímpar num líder: a combinação de grande determinação estratégica com imensa flexibilidade tática. António, um grande abraço.
2. Ainda os incêndios. A área ardida em Portugal este Verão foi mais de metade da área ardida em toda a Europa. No meio de tantos debates e apontar de culpas noto falta da pergunta essencial: porquê? Na realidade só existem duas alternativas: Ou Portugal regista uma maior incidência de focos de incêndio ou, então, apresenta uma maior prevalência desses fogos. A primeira refere-se aos riscos de novos fogos. A segunda captura a incidência e a duração média desses fogos. Uma deriva das condições da floresta, da falta de educação cívica ou de comportamentos criminosos. A outra, tem no âmago a eficácia no combate aos incêndios. A reforma da floresta, o ordenamento do território, a implementação do mercado de terras são instrumentos a longo prazo para a redução da incidência. Os nossos bombeiros são de uma coragem e dedicação às quais palavras não prestam justiça. Mas esta admiração não nos deve impedir de colocar friamente uma questão: Estarão os nossos corpos de bombeiros à altura do desafio? Serão eles tão bons como os congéneres do Sul da Europa? Será que as estruturas organizativas baseadas no voluntariado são as mais adequadas (90% dos bombeiros exercem esta profissão nos seus tempos livres e apenas 7 dos quase 480 corpos são profissionais) ? Será a cadeia de comando e a articulação com a proteção civil a mais eficiente? Como se comparam com as de outros países?