“Solidaritat – Catalunya Autodeterminació Democràcia”, lia-se em catalão na faixa da concentração que hoje à tarde juntou meia centena de pessoas em frente ao Consulado de Espanha em Lisboa, convocada pelo Bloco de Esquerda mas "aberta a trodos os democratas". O protesto foi uma ação simbólica para condenar a repressão do governo espanhol de Mariano Rajoy contra o referendo e dirigentes catalães, presos anteontem pelas autoridades espanholas, e em solidariedade com o povo catalão no seu desejo de decidirem sobre o seu futuro coletivo.
Durante o protesto ouviram-se palavras de ordem em português, mas também em catalão.“Autodeterminação sim! Repressão não!” e “In,inde, independència!”, tendo-se também cantado o hino da Catalunha, o "Els Segadors", de punho erguido.
Entre os manifestantes encontravam-se catalães, como Marcel Benet, estudante, que participou no protesto por acreditar “que o povo catalão tem o direito à autodeterminação” e que "nos últimos anos se tentou chegar a acordo com o governo central e não foi possível". Benet entende também que os eventos recentes são “um verdadeiro golpe de Estado e anulação da autonomia” catalã. Opinião partilhada por Cira Diakhaby, também catalã: "Acabaram com todas as liberdades do meu povo e por lutar pela democracia. O Estado espanhol não nos deixa votar".
Entre os manifestantes encontrava-se também Pedro Soares, deputado do BE, que demonstrou preocupação com as “medidas repressivas que o Estado espanhol” exerce “para impedir o direito à autodeterminação, independentemente do resultado”, mas também com a "incapacidade do governo de direita do PP de compreender este problema e de ter uma visão democrática sobre o direito de expressão das suas nacionalidades".
O parlamentar não se ficou pelo presente e relembrou o passado: "Demonstra bem uma certa ideologia de uma certa burguesia espanhola com laivos de franquismo que se recusa a compreender o problema e a questão da diversidade da composição do Estado espanhol".
Sobre a posição do BE em relação à questão, Pedro Soares referiu que "o Bloco não é a favor ou contra a independência. O Bloco defende que os catalães devem ter a capacidade de se autoderminar. Essa é a questão principal neste momento".