Fernando Lima venceu as eleições para grão-mestre do Grande Oriente Lusitano, depois de uma campanha disputada e de uma segunda volta conturbadíssima. Mas a ideia de renovação, que era a bandeira das candidaturas adversárias, vai ser posta em prática pelo grão-mestre que é investido este sábado numa cerimónia formal – “Sessão solene com formalidades litúrgicas, aberta a todos os maçons ativos da Obediência” – que decorre às 16h45 no Palácio do Grande Oriente Lusitano, no Bairro Alto, em Lisboa. Apesar de ter sido apontado como candidato da continuidade, Fernando Lima vai fazer uma renovação quase total nos órgãos da maçonaria. Pelo menos 80 por cento dos membros dos altos cargos do Grande Oriente Lusitano serão mudados.
A seguir à investidura do grão-mestre e grão-mestres adjuntos eleitos (o historiador António Ventura e o até agora presidente do Grande Tribunal Maçónico, Carlos Vasconcelos), o grão-mestre emitirá uma mensagem. Depois disso serão eleitos os juízes do Grande Tribunal Maçónico, Conservador-Geral de Justiça e Grandes Secretários do Conselho da Ordem. É neste capítulo que o grão-mestre tenciona renovar.
Mas o sábado maçónico pode não ser pacífico. E Fernando Lima corre o risco de não conseguir eleger o Conselho da Ordem (uma espécie de governo da maçonaria) que vai propor. Isto porque esta eleição é feita pela Grande Dieta (o parlamento maçónico), que reúne representantes eleitos de todas as lojas – há pelo menos um “venerável” por cada loja a ter assento na Grande Dieta – e as feridas da eleição para grão-mestre podem não estar totalmente saradas.
De resto, isso poderá perceber–se logo na manhã de sábado, quando forem eleitos o presidente, dignitários e oficiais da Grande Dieta. É que este ano, na sequência da divisão que aconteceu nas eleições, há dois candidatos a presidente da Grande Dieta. O atual presidente, Rui Santos, que se recandidata, tem como adversário Carlos Bicas, que se apresenta no Templo José Estêvão (a mais importante – e mais bonita – sala de rituais do Palácio maçónico) com um programa de rutura.
Carlos Bicas escreveu aos seus irmãos uma carta de candidatura que tem como título “Unir o que ficou disperso” e defende que “é impensável continuar a manter a Grande Dieta entorpecida ou adormecida”. “Está terminado um ciclo. Outros tempos se avizinham. É tempo de nos fazermos ao caminho”, escreve o venerável representante à Grande Dieta, que quer ser seu presidente.
O candidato diz que “vai para mais de dois anos que a Grande Dieta, órgão de soberania do Grande Oriente Lusitano, se encontra em quase estado de adormecimento” e acusa a “Sublime Câmara” de “paralisia” que “não será de modo algum, de futuro, aceitável”. Tudo indica que as candidaturas a grão-mestre derrotadas em junho vão apoiar Bicas a presidente da Grande Dieta.