1.Imagine, caríssima leitora e caríssimo leitor, que as manas Mortágua encontram alguém na rua – e este alguém é uma jovem mulher, com ar esbelto, professora de química, uma intelectual, muito inteligente, radical no discurso político e…homossexual assumida. Qual seria a reacção das estrelas do Bloco de Esquerda?
Seria certamente de congratulação por finalmente encontrarem a substituta ideal de Catarina Martins – Mariana Mortágua teria feito uma amizade para toda a vida, juntas pela mesmas causas do feminismo, da luta contra as elites políticas, contra os burocratas de Bruxelas e a “bem da revolução”.
2.Pequeno senão: a jovem mulher, doutorada, feminista e homossexual que atrás descrevemos é…Alice Weidel, a mulher de confiança de Franke Petry (líder da AfD), e candidata nas eleições de amanhã pelo partido de extrema-direita alemão.
Ou seja, a jovem que parece a Mariana Mortágua alemã é, afinal, não da extrema-esquerda, mas da extrema-direita – e muitos intelectuais de esquerda (do Bloco lá do sítio) apelidam-na de “lésbica nazi”. E esta, hein?
3.Este é, sem dúvida, um pesadelo para a esquerda: o seu discurso político vai (praticamente na íntegra) no sentido de nos convencer de que gozam de uma superioridade moral que lhes advém da defesa dos direitos das minorias, dos mais “desfavorecidos” e dos “excluídos” da sociedade.
E com esta lengalenga – devidamente amplificada pelos órgãos de comunicação social que dominam – fazem obnubilar o modelo totalitário de sociedade que advogam: na verdade, o objectivo último da esquerda é tomar de assalto o Estado, blindar o acesso aos cargos do Estado e à função pública de cidadãos que não perfilham as suas ideias políticas, nacionalizar os bens dos cidadãos (tidos como “milionários”, apesar de integrarem apenas a classe média, e frequentemente a classe média baixa) e lançar um amplo programa de “redistribuição de riqueza”.
Redistribuir para quem?
Para os camaradas do partido e respectivos amigos ideológicos – já não é o princípio do “a cada um segundo as suas necessidades”; agora é mesmo só “ a cada um segundo as suas afinidades”.
4.Pois bem, a esquerda (nesta lógica de maquilhagem do programa político violento e brutalmente autoritário que defendem) assumiu como bandeira a defesa do “feminismo” e os direitos das minorias, designadamente dos cidadãos homossexuais. Neste sentido, os arautos do esquerdismo folclórico assumiram que todos os homossexuais são de esquerda – e quem não é de esquerda, não pode ser homossexual.
E que, no fundo, as pessoas que são homossexuais adquirem uma espécie de “pacote” – não podem ser simplesmente homossexuais. Não!
A homossexualidade vem no mesmo pacote da militância no Bloco de Esquerda ou da JS (qual deles será mais radical nos dias que correm?), de ser apologista do domínio da economia pelo Estado, de gostar de boinas do Che Guevara, de só pensar nas alterações climáticas, de ser totalmente a favor das fronteiras escancaradas, de defender todo o tipo de terroristas, desde as “legítimas reivindicações” da ETA até aos “coitadinhos” do ISIS – e, claro, ser tolerante com os cidadãos que professam a religião islâmica tem que significar necessariamente o branqueamento ou desculpabilização do terrorismo islâmico radical.
5.O que prova esta arrogância autoritária da extrema-esquerda e da esquerda que se deixou assaltar por trotskistas e comunistas?
A tese que já aqui expusemos, segundo a qual a esquerda não se interessa pelos direitos dos homossexuais – a esquerda apenas quer saber dos votos dos homossexuais e instrumentaliza-os de acordo com a sua agenda política.
Quando a esquerda precisa de esconder algo, que lhe é eleitoralmente desvantajoso, lá traz para a agenda mediática a premência do aprofundamento da defesa dos direitos dos homossexuais e de outras minorias.
É, pois, esta política de género e de identidade sexual que tem minado a qualidade da discussão pública – e ofendido os homossexuais, que são convertidos em meros instrumentos ao serviço de um discurso partidário.
O que, como já demonstrámos, viola a dignidade da pessoa humana.
Tal como Mao Tsé-Tsung fazia com os agricultores, tal como Estaline fazia com os pobres – a esquerda finge-se defensora dos homossexuais (e de outras minorias) para depois, na verdade, as prejudicar ainda mais.
Note-se que também na União Soviética, Estaline auto-intitulava-se como o “pai do Povo”, o defensor dos pobres – esquecia-se, porém, de dizer que era ele que produzia grande parte (senão a totalidade) destes pobres…
6.Aí está a reacção ao politicamente correcto e à instrumentalização dos homossexuais para fins políticos: a AfD – partido que muitos consideram, porventura excessivamente, neo-nazi – está a registar um apoio considerável de cidadãos que se assumem como homossexuais.
Lá está: é a afirmação por parte dos cidadãos homossexuais que são tão dignos como qualquer outro cidadão –e que a sexualidade não esgota a sua identidade, muito menos a sua personalidade.
Rejeitando, eles próprios, a ideia de que por serem homossexuais têm que ser progressistas e trotskistas!
Há homossexuais à esquerda, como há ao centro, como há à direita – e até na extrema-direita!
Porque eles são cidadãos – que têm a mesma liberdade de pensamento e acção política que nós, heterossexuais: pela simples razão de que a sexualidade não interessa nada para a afirmação da dignidade da pessoa humana e, logo, para o exercício de direitos e liberdades políticas e cívicas.
Para nós, aceitar que um homossexual possa ser do centro, da direita ou até da direita nacionalista – é normal e salutar porque promove o dinamismo pluralista das sociedades. Já para a Mariana Mortágua e seus camaradas, os homossexuais que não sejam do Bloco de Esquerda (ou da JS, satélite do BE) são “traidores”.
7.Em conclusão: a esquerda –e o discurso do politicamente correcto que alimenta – já gerou uma pequena revolta na Alemanha.
Surgiu, assim, aquilo a que esquerda caviar já chama de “lésbica nazi”.
O que, apesar da intenção insultuosa, para a visada deve ser um excelente elogio: desta forma, ainda vai capitalizar uns quantos votos entre a comunidade homossexual, bem como entre os críticos viscerais do politicamente correcto; e, à noite, nos bares de Berlim, ainda vai capitalizar umas amizades coloridas, pondo em prática a liberdade sexual que advoga (é o chamado “walk the talk”).
Até porque se, em Portugal, tanto se elogiou a revelação pública da homossexualidade da Ministra Graça da Fonseca – temos agora de admitir que é louvável a coragem de Alice Weidel, ao declarar-se abertamente homossexual num partido de direita conservadora e nacionalista…É de mulher! É de mulher!
Não é, Mariana Mortágua? Admita lá: é de mulher!
P.S – Recordam-se que a esquerda acusava o Presidente Trump de ser (sabe-se lá porquê!) misógino, racista, anti-feminista e anti-gay…então e agora? O que será Alice Weidel? Parece que a esquerda perdeu adjectivos…