A Turquia avançou com um reforço das suas tropas numa província a norte da Síria, dominada por grupos jihadistas, aprofundando o seu envolvimento militar no conflito e a sua cooperação com a Rússia.
Unidades equipadas com artilharia passaram esta semana a fronteira turco-síria. O envio das tropas faz parte do esforço de Ancara para fazer cumprir o acordo de Idlib, alcançado entre a Turquia, Irão e Rússia, para se evitar uma escalada do conflito. A província é atualmente controlada por uma ramificação da Al-Qaeda e espera-se que uma nova ofensiva turca, em conjunto com grupos rebeldes, avance para conquistar a cidade aos jihadistas.
Cerca de 25 mil tropas turcas far-se-ão acompanhar por cinco mil combatentes do Exército Livre da Síria na ofensiva contra Idlib, avançou o jornal turco Yeni Safak. O grupo afeto à Al-Qaeda, o Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), já afirmou que não reconhece o acordo de Astana e que resistirá a qualquer operação militar na província.
«A estratégia que a Turquia está a adotar para esta operação determinará se a HTS resiste. Se a HTS sente que o objetivo principal é limpá-lo e aos seus apoiantes de Idlib em vez de conflitos de escalada entre o regime e as forças da oposição, uma batalha feroz é inevitável», afirmou Serhat Erkmen, especialista do Instituto Turquia Século 21, ao jornal Arab News.
Um encontro entre altos funcionários russos, iranianos e turcos na semana passada em Astana, capital do Cazaquistão, resultou num acordo para se estabelecerem quatro ‘zonas de redução de intensidade do conflito’ em várias partes da Síria por um período de seis meses, onde se inclui Idlib, para onde cada uma das três partes enviará 500 observadores.
«Sob o acordo, os russos mantêm a segurança fora de Idlib e a Turquia dentro da região de Idlib», afirmou o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, à agência de notícias Reuters. «A tarefa não é fácil… Com Putin discutiremos as etapas adicionais necessárias para erradicar os terroristas de uma vez por todas para restaurar a paz», complementou.
Espera-se que o Presidente russo, Vladimir Putin, visite Ancara na próxima semana para discutir com o seu homólogo turco o avanço do acordo alcançado.
A recente intervenção turca no país é, oficialmente, a segunda incursão militar turca na Síria desde que a guerra civil começou em 2011 e se tornou num complexto jogo de xadrez entre grupos e potências regionais e mundiais.