Ricardo Robles pode ser um bom candidato em Lisboa, João Vasconcelos em Portimão e Helena Pinto em Torres Novas também. Só que este conjunto de bons candidatos tarda em alcançar câmaras para o BE. Desta vez volta a candidatar em Salvaterra de Magos aquela que foi a sua única autarca (entre 2001 e 2013), Ana Cristina Ribeiro, conhecida por “Anita”.
Fabian Figueiredo, membro da comissão política do Bloco e candidato em Loures, tem uma explicação para a dificuldade de implantação do Bloco no poder local: «Somos uma força política recente e no poder autárquico as pessoas valorizam muito conhecer os ativistas ou os cidadãos que se candidatam às Juntas de Freguesia, às Câmaras, à Assembleia Municipal, é preciso o enraizamento social que depois se transporta em votos».
Nessa perspetiva falta ao BE começar a eleger, mostrar trabalho, ter rostos conhecidos localmente, «porque conhecendo-se, confia-se mais na pessoa» que se apresenta nas listas. São cargos onde o peso ideológico perde para a proximidade, para a identificação. «Um trabalho que só se consolida com o tempo», ainda nas palavras de Fabian Figueiredo.
«As pessoas conhecem o Bloco de Esquerda sabem a diferença que o Bloco tem feito no país, sabem como o Bloco é incansável a defender os direitos das populações e, portanto, eu estou convencida que também mereceremos essa confiança nas autarquias», referiu esta semana Catarina Martins, a coordenadora do partido.
Daí que o Bloco espere tirar dividendos de alguns dos seus candidatos com trabalho realizado a nível local, como seja Helena Pinto, que foi vereadora nos últimos quatro anos da Câmara de Torres Novas, com liderança PS. Uma animadora social que foi deputada nacional entre 2005 e 2015 e que em 2013 conseguiu eleger um vereador com 9,92%, mais quatro pontos percentuais que o BE alcançara em 2009. A partir desse ‘roubo’ de um vereador ao PS há quatro anos, quer o Bloco construir algo mais este ano.
Catarina Martins mostrou-se ambiciosa no Porto, não só falando na possível eleição de João Teixeira Lopes como chegando mesmo a falar na possibilidade de um segundo vereador. Também em Lisboa, a coordenadora do BE aspira a eleger um vereador que lhe permita viabilizar uma solução política para a autarquia. «Eleger em Lisboa é seguramente importante e também no Porto», afirmou Catarina Martins em entrevista ao Expresso.