Depois de um interregno de quatro anos, por ter atingido o limite de mandatos, Valentim Loureiro está de regresso à corrida pela presidência da Câmara Municipal de Gondomar. Uma cadeira que conhece bem, pois aí se sentou entre 1993 e 2013. Foi eleito pelo PSD até 2005 e depois candidatou-se pelo Movimento Independente “Valentim Loureiro – Gondomar no Coração”.
Naquele ano, na sequência do seu envolvimento no processo judicial Apito Dourado – escândalo de corrupção no meio do futebol português – , o PSD recusa-lhe o apoio, invocando falta de credibilidade. Três anos depois, em julho de 2008 e no âmbito deste processo, foi condenado a quatro anos de pena suspensa.
Ficou famoso nos anos 90 do século passado por ter feito uma campanha autárquica em que, segundo se diz, até oferecia frigoríficos e outros eletrodomésticos. Era conhecido apenas como “o major”, cognome que já vinha dos tempos em que dirigira o Boavista. A presidência da Liga de Clubes de futebol foi outro dos cargos nos quais se destacou.
A candidatura às eleições do próximo domingo foi difícil, com o Tribunal Judicial da Comarca do Porto a rejeitar a lista à assembleia municipal e a duas assembleias de freguesia. Mas, no início do mês, o Tribunal Constitucional validou todas as listas e Valentim Loureiro partiu para o ataque. “Os nossos concorrentes posicionaram-se neste processo apresentando todos os recursos possíveis e imaginários para evitar que fôssemos a eleições (…)”, afirmou Valentim Loureiro.
Saudosismo Aos 78 anos, o “major”, que usa como slogan “Valentim Loureiro – Coração de Ouro”, diz que “avança para a candidatura a presidente da câmara convencido de que ainda pode ser “útil aos gondomarenses”, que foi “bastante pressionado” para o fazer e que “juventude” não lhe falta. E acrescenta: “Eu, tendo ganhado em Gondomar cinco vezes, tenho de estar convencido de que vamos ser os mais votados (…). As pessoas estão saudosas do meu regresso.”
Valentim Loureiro garante que “não é candidato contra ninguém”, mas avisa: “Eu candidato-me pelos gondomarenses porque estou convencido de que se formos eleitos, faremos algumas coisas melhor. Algumas, porque quem cá está não faz tudo mal. Não me ouviram críticas, nem ouvirão, desde que não me provoquem.”
Valentim Loureiro concorre contra o seu antigo chefe de gabinete, Rafael Amorim, que tem o apoio do PSD e do CDS, e contra o atual autarca socialista, Marco Martins. São ainda candidatos Rui Nóvoa (BE) e Daniel Vieira (CDU).
Propostas Marco Martins diz que “o desenvolvimento económico é uma das prioridades para o próximo mandato” e que “criar emprego e melhorar as condições económicas e sociais” é um dos seus grandes objetivos. Também Rafael Amorim define como prioridade “combater a altíssima taxa de desemprego que aflige o concelho, que neste momento ronda os 15%, bem acima da média nacional”.
Já Daniel Vieira ambiciona “um concelho para as próximas gerações e que viva para lá dos ciclos eleitorais”. Rui Nóvoa, do BE, quer que o concelho “entre na batalha contra as alterações climáticas”, mostrando-se preocupado com a “poluição dos bens e recursos comuns”.