Medicamentos com substâncias diferentes das que vêm nos rótulos ou mesmo sem qualquer ingrediente ativo – placebos puros – são algumas das falsificações já detetadas pelo Infarmed no âmbito do controlo das encomendas retidas nas alfândegas. Ontem foi feito um balanço da operação anual Pangea, que combate a compra de medicamentos em sites ilegais a nível internacional. Luís Sande e Silva, diretor da Unidade de Inspeção do Infarmed, revelou ao i que os medicamentos mais apreendidos este ano foram produtos para a disfunção erétil e analgésicos, sublinhando o perigo de recorrer a sites, inclusive na darkweb, para comprar medicamentos.
“Já encontrámos produtos provenientes de produções caseiras, inclusive com contaminação microbiológica”, sublinha o responsável.
A operação internacional, liderada pela Interpol, vai na décima edição e teve lugar entre 12 e 19 de setembro. Em Portugal, em 7363 encomendas analisadas, foram encontradas 79 que continham medicamentos adquiridos em sites não autorizados. Sande e Silva dá o exemplo de compras através de correntes de email ou em anúncios nas pesquisas online. A nível internacional já foram detetados casos de compra de medicação oncológica e antirretrovirais contrafeitos, situações que o perito diz serem residuais em Portugal. Mas nem por isso o alerta é menor, dado que diariamente são despistados nas alfândegas medicamentos adquiridos em sites não licenciados, muitas vezes compras sem supervisão médica, o que aumenta o risco.
Medicação enviada entre particulares também é travada: neste caso, em vez de ser destruída, é reenviada ao remetente, explica Luís Sande e Silva, alertando para os riscos relacionados com o acondicionamento: “Quando um medicamento circula pelos correios sem ser no circuito legal não existem garantias de que sejam cumpridas as normas de conservação.”
Os produtos apreendidos em Portugal totalizavam 11 337 euros. A nível mundial, a Pangea X abrangeu este ano 123 países. Foram apreendidos medicamentos no valor de 42,6 milhões de euros.