Houve pequenas vitórias para adoçar a noite e não deixar um sabor amargo ao Bloco, a eleição de Ricardo Robles em Lisboa, a eleição de um vereador em Abrantes, uma Junta de Freguesia em Braga. No resto, acabou por não ser uma boa eleição, já que o partido não conseguiu alcançar nenhuma câmara – nem Salvaterra de Magos, onde voltava a candidatar aquela que foi durante 12 anos a sua única líder de autarquia, Ana Cristina Ribeiro; nem Torres Novas, onde se apostava no trabalho efetuado por Helena Pinto como vereadora.
Ainda não é desta que Catarina Martins pode comemorar a implementação do partido como força autárquica. Toda a força nacional que o Bloco conseguiu continua sem se refletir a nível local. Por mais que o Bloco diga que não, continua a ser uma força política urbana que tarda em conseguir rostos autárquicos. A própria coordenadora admitiu que o partido falhou dois objetivos propostos para estas eleições, ganhar câmaras e evitar maiorias absolutas do PS. Nem uma coisa nem outra e o Bloco “tem muito a aprender no trabalho autárquico” e para já fica apenas com uma “presença modesta nas autarquias”.
Ainda a lamber as feridas do desaire, Catarina Martins vangloriou-se da descida da votação à direita: “Nós vemos que a direita no seu conjunto perdeu, sendo que o PSD perdeu mais.” Pouca coisa para quem tinha dito, através de Mariana Mortágua, que todos os sinais recebidos do país apontavam “para um reforço substantivo da representação autárquica do Bloco de Esquerda”. Talvez por algum efeito climatérico, os sinais estavam errados e o BE mantém-se com um partido essencialmente urbano.