O presidente do governo regional catalão, Carles Puigdemont, vai fazer hoje pelas 21 horas (menos uma em Portugal), uma comunicação aos catalães a partir do palácio do governo, anunciou Jordi Turull, porta-voz da Generalitat. O mesmo Turull que criticou o discurso do rei Filipe VI sobre o referendo de domingo dizendo que se tratou "de um erro de todos os pontos de vista".
Esta comunicação vem na sequência das declarações à BBC de Carles Puigdemont, em que este afirmou que a Catalunha iria declarar a independência nos próximos dias, tendo também anunciado que o governo "irá agir no final desta semana ou início da próxima".
Puigdemont também afirmou que o governo vai "declarar a independência 48 horas depois de todos os resultados que estão a ser examinados se tornarem oficiais", o que levaria muito provavelmente Mariano Rajoy a ativar o artigo 155 da Constituição espanhola, colocando todas as instituições autonómicas sob o controlo do governo de Madrid. Questionado sobre essa possibilidade, o presidente catalão advertiu que "seria um erro para ele [Rajoy] mudar tudo", revelando ainda que neste momento não existe qualquer contato entre os governos da Catalunha e de Madrid.
O líder catalão não se limitou a advertir o primeiro-ministro espanhol e criticou a União Europeia por não ter até ao momento agido, ignorando os pedidos de mediação internacional que lhe foram endereçados por Puigdemont. "Muito decepcionante", foi assim que o presidente do governo catalão caraterizou a posição da UE. Esta limitou-se a publicar um comunicado onde afirma que "a violência não pode nunca ser um instrumento na política" e a confiar "na liderança do primeiro-ministro Mariano Rajoy para gerir este díficil processo em total acordo com a Constituição espanhola e com os direitos fundamentais dos cidadãos". A UE também classificou a questão como "um tema interno de Espanha".
Mediação da Igreja
Entretanto, o governo autonómico catalão dirigiu um pedido à Igreja para que sirva de mediador entre Barcelona e Madrid em relação à questão independentista. O pedido foi enviado ao abade de Montserrat, Josep Maria Solé, e ao arcebispo de Barcelona, Joan Josep Omella.
Puigdemont convocou uma reunião com as duas altas figuras da igreja catalã no palácio do governo em Barcelona.
Plenário do parlamento na segunda
O parlamento catalão reúne-se em plenário para analisar os resultados do referendo e a forma de atuação das forças de segurança a mando de Madrid na próxima segunda-feira. A imprensa catalã refere que essa sessão poderá ser usada para a declaração unilateral de independência da Catalunha, tal como Puigdemont referiu à BBC.
O único caminho é a independência
Numa entrevista ao canal TV3, Jordi Turull, porta-voz da Generalitat, deixou claro que a independência é o único caminho disponível para o executivo catalão. "A opção é ser uma república ou uma república", afirmou. O porta-voz catalão referiu também que a realização de eleições antecipadas "não está prevista", advertindo o governo de Madrid de a "cada dia estar a dar mais razões" aos independentistas.