A marca “Elefante Branco”, registada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), está à venda depois de a sociedade que geria este espaço ter entrado em insolvência. O valor-base é de cinco mil euros e as propostas terão de ser entregues em carta fechada. O anúncio desta venda já foi publicado pela administradora de insolvência, Graça Dias.
A mítica boîte de Lisboa, situada na Rua Luciano Cordeiro, no centro da capital, foi inaugurada em 1986 e durante durante muitos anos representou um local de convivência de várias classes da sociedade, tais como políticos, empresários e até desportistas. Fechou as portas 30 anos depois, em dezembro do ano passado, na sequência de uma ação de despejo levada a cabo por um antigo sócio e proprietário do espaço contra os responsáveis da empresa Elefante Branco, Sociedade de Turismo e Exploração de Bares, Lda.
O espaço constava em guias turísticos nacionais e internacionais dedicados à noite da capital portuguesa e só quem a gerência não queria como cliente é que tinha de pagar consumo mínimo de 100 euros. Outros havia que chegavam mal calçados – de ténis – para os padrões da casa e tinham a hipótese de se servir da “sapataria” improvisada à entrada, onde existiam sapatos para todos os números. No interior, muitos clientes gostavam de jantar ou cear, tendo apenas duas alternativas: bifes e bacalhau à Brás, pratos que andavam pelos 40 euros cada. Noutras ocasiões não faltava o caldo verde.
Enquanto se deliciavam com o jantar ou com a bebida, os clientes podiam chamar uma das mulheres presentes que, por norma, bebia uma bebida a preços muito elevados, combinando ou não uma saída a dois. As mulheres presentes no local não ganhavam comissão nas bebidas e só lucravam com a venda do corpo. Alguns homens adoravam frequentar o espaço como se de uma consulta de psiquiatria se tratasse, fazendo grandes sessões com as “meninas” presentes, mas estas ficavam entediadas com tanta consulta pois não recebiam nada. Alguns dos habitués combinavam com as prostitutas a saída para o hotel perto da casa de banho, evitando dessa forma pagar uma comissão à casa, leia-se a bebida da mulher. O preço nunca era abaixo dos 250 euros, a não ser que se fosse íntimo da mulher em questão.
Polémicas
A verdade é que gerir um espaço como este acarretava várias dificuldades. Em 2002, por exemplo, o Elefante Branco foi alvo de uma operação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e 43 mulheres (39 brasileiras, duas moçambicanas, uma angolana e uma colombiana) foram levadas para as instalações deste organismo para identificação. Após vários interrogatórios chegou-se à conclusão que seis destas mulheres estavam em situação ilegal no nosso país, enquanto outras 25 não reuniam condições para poderem exercer qualquer atividade laboral em Portugal.
*Texto escrito por Joana Marques Alves e Sónia Peres Pinto